O dia amanheceu nublado, como se o céu também hesitasse em dar sua bênção ao que viria. Cecília acordou antes do despertador, o estômago revirando em ansiedade. Por vários minutos, ficou deitada, olhando o teto como se ele fosse lhe trazer respostas. Não trouxe. Tudo nela gritava para desistir.
— Você não vai desistir — disse Júlia, surgindo na porta do quarto com uma xícara de café e um olhar determinado. — A não ser que queira passar o resto da vida se perguntando o que teria acontecido se tivesse ido.
— E se der tudo errado?
— E se der tudo certo? — rebateu a amiga. — Veste o vestido, coloca o batom de ouro e vamos fazer história.
Enquanto Júlia fazia seu coque com paciência e habilidade, Cecília olhava para o próprio reflexo tentando encontrar algum traço da garota de calça jeans e cabelo desgrenhado. Em vez disso, via uma mulher. Forte, linda e apavorada. O vestido verde esmeralda parecia moldado sob medida, abraçando suas curvas com elegância e ousadia. A fenda lateral era provo