O expediente no café terminara mais tarde do que Cecília esperava. O cheiro de café fresco ainda impregnava suas roupas, e o corpo pedia apenas por descanso. Ao sair, ajeitou a bolsa no ombro e puxou o casaco, preparando-se para a noite fria.
Assim que cruzou a porta, parou de repente. O pai estava do lado de fora, encostado na parede, com uma mochila jogada aos pés. A postura dele era relaxada demais para a hora, como se estivesse apenas matando tempo — não havia afeto no olhar, apenas uma paciência calculada.
— Oi. — disse, seco, sem se mover. — Cheguei um pouco antes.
Cecília assentiu, tentando ignorar o desconforto que aquela frieza sempre despertava nela.
— Tudo bem, pai. Vamos?
Ele deu de ombros em resposta e pegou a mochila do chão, seguindo ao lado dela pelas ruas iluminadas pelos postes antigos. Conversaram pouco. Cecília, na tentativa de quebrar o silêncio, comentou sobre o frio repentino e o movimento do bairro, mas ele se limitava a respostas curtas, monossilábicas. Por ve