Enrico demorou um instante para reagir, como se o mundo tivesse desacelerado ao redor. Ele a encarava, os olhos fixos nos dela, tentando absorver a dimensão daquilo. Cecília já desviava o olhar, mordendo o lábio, nervosa com a própria coragem.
— Repete — ele pediu, a voz baixa, quase rouca, como se temesse que a realidade escapasse entre os dedos.
Ela virou o rosto devagar, surpresa com o pedido.
— O quê?
— Repete — insistiu, inclinando-se mais perto. — Quero ouvir de novo.
Cecília respirou fundo, o coração disparado.
— Eu te amo.
Dessa vez, Enrico fechou os olhos por um segundo, como se aquelas três palavras fossem uma âncora, um bálsamo, um presente que ele jamais acreditou que teria. Quando os abriu novamente, havia neles uma intensidade que fez Cecília estremecer.
Ele levou a mão até a nuca dela, puxando-a para mais perto, e a beijou devagar, com uma reverência que contrastava com a firmeza do gesto. Quando se afastou, apoiou a testa na dela, respirando fundo.
— Você não faz ideia