O silêncio que envolvia a sala da Casa das Hartwood naquela noite era diferente de todos os anteriores. Não era feito de medo, nem de incerteza — mas de algo antigo, quase esquecido. A estranha paz que antecede uma verdade prestes a emergir.
Eleanor acordou primeiro, o corpo dolorido pelo ângulo torto em que adormecera, mas aquecido pelo peso do braço de Theo ao redor de sua cintura. Ele ainda dormia, o rosto suavizado pela ausência de preocupações que, no mundo desperto, nunca o deixavam por completo.
Por um breve instante, ela permitiu-se apenas observar. Ali, no sofá de couro gasto da biblioteca de Vivienne, entre os livros e o aroma persistente de chá e papel antigo, estavam eles dois — cercados por mistérios, perdas e passado — mas também por algo novo. Algo que, mesmo não nomeado, começava a florescer.
Quando Theo se moveu, despertando, seus olhos encontraram os dela como se já soubessem o que seria dito.
— Sonhei com ela. — murmurou. — Com minha mãe. Mas não era um sonho reconf