Rupert Wallace abriu a porta com expressão tensa, como se pressentisse que as peças finais do quebra-cabeça estavam prestes a se encaixar — para o bem ou para o mal.
— Entrem. Acho que está na hora de contarmos tudo o que sabemos.
A sala estava como sempre: impregnada do cheiro de papel antigo e da umidade das estantes abarrotadas. Mas havia algo diferente no ar — um silêncio suspenso, como o momento que antecede uma tempestade.
Theo e Eleanor sentaram-se sem dizer palavra. Rupert demorou um pouco, vasculhando uma caixa metálica que trouxe de um armário trancado. As pastas, mais amareladas do que nunca, carregavam datas e códigos internos que apenas ele parecia decifrar.
— Durante anos — começou Rupert, sentando-se com esforço —, tentei entender os vazios deixados nos arquivos de Cravenhill. Principalmente os que envolviam Amélia Ravenscroft. Mas, na verdade, tudo começa antes dela.
Theo ergueu os olhos, surpreso.
— Antes?
— Sim. A primeira internação registrada de Amélia não foi em 1