O outono chegou a Yorkshire com dedos dourados, tingindo as copas das árvores de cobre, âmbar e ferrugem. As folhas dançavam ao vento como se celebrassem o fim de uma estação de dor e o início de algo novo — não perfeito, mas possível.
A Casa das Hartwood ainda rangia em suas madeiras antigas, mas agora o som era familiar. Vivo. Os corredores não ecoavam mais segredos, e sim passos. Risos. Diálogos simples, cotidianos, entre duas pessoas que haviam conhecido o abismo — e escolheram permanecer uma ao lado da outra.
Eleanor cruzava o jardim com uma cesta nos braços, colhendo maçãs do pomar esquecido. As árvores, mesmo envelhecidas, ainda frutificavam. Havia algo simbólico nisso, pensava ela — algo sobre a vida persistir, mesmo depois da tempestade. Sobre raízes que não se veem, mas sustentam tudo o que floresce.
Theo apareceu na porta dos fundos, os cabelos um pouco mais longos e o olhar sereno.
— Vai fazer torta? — perguntou, erguendo uma sobrancelha.
— Só se você prometer não esquecer