O retorno à Hartwood teve um gosto agridoce. O silêncio reconfortante da paisagem contrastava com o burburinho crescente dentro de Eleanor. Ela havia saboreado cada segundo daquele breve refúgio com Theo no Vale dos Sonhos, mas a realidade os aguardava de volta com seus segredos antigos e suas vozes sussurradas pelas paredes.
Theo voltou dirigindo e estacionou o carro no fim do caminho de terra e permaneceu por um instante em silêncio, olhando para a casa. Eleanor o observou de soslaio. Ainda havia algo em seu semblante — uma sombra persistente que nenhuma tarde ensolarada conseguia apagar.
— Está tudo bem? — ela perguntou, ao fecharem as portas do carro.
— Estive pensando — respondeu ele. — No bilhete do sótão. Na caligrafia. É parecida com a da minha mãe. Mas há algo estranho...
— Estranho como?
Ele hesitou, olhando para a casa como se esperasse que ela respondesse por si.
— Era como se ela soubesse que sumiria. Como se estivesse se despedindo. Mas estava escrito em terceira pessoa.