O vento soprava forte naquela manhã, fazendo as árvores vergarem em sussurros desconfortáveis. Eleanor observava pela janela da cozinha enquanto a névoa se desfazia aos poucos, revelando os contornos das colinas embaçadas. Havia uma inquietação em seu peito desde que acordara — como se algo estivesse prestes a acontecer, algo que dormia por tempo demais.
Theo apareceu com duas canecas de chá quente. Depositou a dela sobre o balcão, mas não disse nada. Trocavam silêncios há horas, desde que terminaram de ler o bilhete encontrado no sótão. Parte do conteúdo ainda martelava nas cabeças dos dois:
“Se alguém ler isto, saiba: ela descobriu. E desapareceu antes de poder contar.”
Amélia. Sempre ela. As peças começavam a se encaixar, mas não formavam um quadro claro. O que exatamente ela descobriu? E quem mais sabia? Por que Celia continuava insistindo que o silêncio era mais seguro que qualquer verdade?
— Você acha que minha mãe... ainda está viva? — a pergunta de Theo saiu mais baixa do que