O sol havia rompido timidamente a névoa fina daquela manhã, lançando reflexos dourados sobre o lago próximo à casa da tia. Eleanor observava a superfície imóvel da água, como se algo estivesse prestes a emergir dali — não apenas memórias, mas talvez verdades concretas, afundadas há tempo demais.
Depois da visita à antiga biblioteca, ela e Theo haviam voltado à casa para revisar tudo o que sabiam. Mas o silêncio persistente de Celia, mesmo após o encontro breve, deixava mais perguntas do que respostas. Eleanor não conseguia tirar da cabeça a última frase que Celia dissera, como uma sentença suspensa no ar: “Ela descobriu. E desapareceu antes de poder contar.”
— Podemos tentar algo diferente — disse Theo naquela manhã, com uma caneca de chá nas mãos e a expressão cansada. — Observar Celia à distância. Não para intimidar, mas para entender. Ver com quem ela fala, se recebe visitas... talvez algo surja.
Eleanor assentiu. Não se tratava mais de invadir a privacidade de uma mulher reclusa.