Eduardo, consumido pela culpa pela morte da esposa, ergueu muros ao redor de si e de seus sentimentos. Mas a presença doce e determinada de Sofia, que conquista não apenas as crianças, mas também os cantos mais sombrios de sua alma, começa a abalar suas defesas. Entre as diferenças sociais, a grande diferença de idade e os julgamentos alheios, Sofia e Eduardo terão que enfrentar muito mais do que seus próprios medos para viver um amor que ninguém acreditava possível.
Ler maisNa faculdade, precisei encarar o fato de que tinha dito "sim" para o convite do Pedro para sair comigo. Agora que estava envolvida com o Eduardo, ainda que fosse algo sem definição, eu não podia simplesmente transar com ele e sair com o Pedro. Eu não era esse tipo de pessoa.Por isso, quando nos encontramos, tentei ser o mais sincera possível, sem magoá-lo. Disse que havia pensado melhor e achava que devíamos manter apenas a amizade, para que as coisas não ficassem estranhas entre nós. Ele pareceu levar numa boa e não insistiu, o que me deixou aliviada.— Que bom que você foi sincera e não levou o encontro adiante. O Pedro realmente gosta de você, e acho que, se não desse certo, ia ser mais difícil para ele — disse Carla quando ficamos sozinhas na sala de aula.Eu não imaginava que Pedro gostasse de mim de verdade, até porque ele flertava com qualquer rabo de saia que passasse.— Dúvido que ele goste de mim.— Ele tem esse jeito, já falei mil vezes pra mudar, mas ele não me ouve. No f
— Eu transei com o Eduardo — falei para a Aninha, enquanto ajudava a carregar as malas para fora do quarto da pensão. — O quê?! — Ela soltou a mala pesada que estava carregando.— Sem camisinha.Aninha arregalou os olhos e ficou muda. Eu conhecia suas expressões e sabia que ela estava processando o que tinha acabado de ouvir, pensando na melhor forma de dizer o que pensava sem me magoar.— E você me solta isso assim, justo agora que estou indo embora? - Ela falou indignada. — Desculpa, não deu tempo. Pode falar... fala tudo o que está pensando, eu preciso ouvir em voz alta o quanto isso foi uma loucura. — Você ficou doida? Uma coisa é ter tesão no chefe — e pelo que você contou, ele também tem em você —, outra coisa é ir às vias de fato e ainda por cima sem camisinha! Nem vou falar do risco de doenças, mas já pensou se você engravida?— Depois que caiu a ficha, é só nisso que consigo pensar. Agora é tarde demais... mas tomei a pílula do dia seguinte, só para garantir.— E o Eduardo
Não sei por que bati na porta do quarto da Sofia.Depois da cena de ciúmes que não consegui controlar ao vê-la próxima demais de outro cara, eu precisava pedir desculpas. Mas, quando ela abriu a porta do quarto cheirosa, ainda com o cabelo meio úmido, usando uma camisola que deixava as pernas à mostra, eu perdi o controle.Sofia também me desejava, e agora, com ela aqui nos meus braços, suada, satisfeita, eu só pensava no quanto queria essa mulher para mim. Apertei seu corpo contra o meu, e acabamos dormindo juntos na cama dela.— Eduardo, acorda! — senti que alguém me chacoalhava com força.— Você precisa sair do meu quarto — ela disse com um pouco de desespero na voz.— Que horas são? — perguntei, zonzo de sono.— São quase cinco da manhã. Se você continuar aqui, pode ser que alguma das crianças acorde antes da hora e te veja aqui.Eu entendia a preocupação de Sofia. Por isso, me sentei na cama. Minha bengala e minhas roupas estavam espalhadas pelo quarto. Ela se levantou para pegar
— Quem era aquele cara? - Ele perguntou assim que entrei no carro. — O que você está fazendo aqui, Eduardo?— Você não me respondeu. Quem era aquele cara com quem você estava se agarrando? — ele perguntou, bravo.Fiquei incrédula. Eduardo estava com ciúmes. Não era uma atitude que eu esperava dele, e eu nem sabia direito o que fazer com essa informação. Eduardo, meu chefe, que já tinha me beijado e por quem eu sentia uma forte atração — por mais que quisesse negar —, estava com ciúmes de mim. Isso elevava nosso relacionamento, que nem deveria existir, a um novo patamar.— Pelo amor de Deus, Eduardo... Ele me deu um beijo no rosto! Eu não estava me agarrando com ele. E você está com ciúmes?— Não estou com ciúmes...Ele ficou calado e deu partida no carro. Por um tempo, ficamos em silêncio, enquanto a chuva caía do lado de fora.— Não sabia que você dirigia — comentei, tentando quebrar o gelo.— De vez em quando gosto de dirigir. Meu carro é adaptado. O motorista avisou que não ia pod
No dia seguinte, tomei uma decisão. Perguntei ao motorista, na hora de levar as crianças para a escola, se ele tinha o contato do Jorge — motorista da mãe do Eduardo. Se ele estranhou o pedido, não demonstrou, e me passou o telefone.Depois de voltar da escola, liguei para Jorge e disse que gostaria de conversar com ele sobre uma funcionária que havia trabalhado muitos anos atrás na casa do sócio do pai de Eduardo. Ele estranhou meu contato, então menti, dizendo que estava procurando uma mulher que poderia ser mãe de uma amiga minha.Ele aceitou me encontrar no final da tarde, antes de eu ir para a faculdade. Passei o dia inteiro ansiosa com essa conversa, com medo do que ele poderia dizer — ou do que não poderia.No horário marcado, nos encontramos no ponto de ônibus. Expliquei rapidamente a informação que eu buscava.— Faz muitos anos, moça, mais de vinte. Muita gente passou por lá... — começou ele. — Mas eu me lembro dessa Cláudia. Se não me engano, ela trabalhou pouco tempo, coisa
Voltei correndo para a sala e as crianças, assustadas, choravam.— Sofia, leve as crianças daqui — disse Eduardo, que estava com uma postura rigida e visivelmente furioso, mas ainda tentava se controlar na frente dos filhos. — Você é uma mulher louca! Meu filho deveria proibir você de vir aqui de uma vez por todas!— Mãe! Vai junto com a Sofia, por favor. Eu me entendo aqui.Peguei Alice no colo e puxei Arthur para e segui para fora da casa. Sandra veio junto e, para meu desespero, de repente eu estava dentro do carro dela, indo para sua casa. E ao meu lado, estava Jorge, o motorista fofoqueiro segundo Carmém, ele era um senhor de cabelos brancos, esguio, parecia ter mais de sessenta anos.Eu precisava perguntar a esse homem tudo o que ele sabia. Era só o que eu pensava. Mas, quando chegamos à casa, fui cuidar das crianças, ajudar a cozinheira a preparar algo para eles, enquanto Sandra falava alto ao telefone, trancada em algum cômodo da casa.Mal tinha servido o jantar para as cri
Último capítulo