Sete anos atrás, Elle e Diego viveram seu primeiro amor. Ela, uma garota rica; ele, um imigrante pobre. Um relacionamento proibido, vivido em segredo, que terminou de forma abrupta e sem explicação. Agora, Elle reencontra Diego de forma inesperada, a oportunidade de obter respostas vem acompanhada de muitos sentimentos. Diego, é um ex-policial, foi acusado injustamente de corrupção e agora é perseguido tanto pela polícia quanto pelo perigoso cartel de drogas El Lobo. Em meio ao caos, ele precisa proteger o amor de sua vida — sem saber se, desta vez, serão capazes de mudar as regras do destino.
Leer másPeguei uma tesoura e comecei a cortar suas roupas enquanto as jogava pela janela em pedaços. Era um belíssimo espetáculo para a vizinhança. Vi quando um carro de polícia chegou.
James ainda teve a audácia de me chamar de amor enquanto, escondido no banheiro, pedia perdão e dizia que tudo era um engano. Meu telefone começou a tocar, meu pai, provavelmente já sabendo, minha mãe e a droga do meu irmão, que ligava do Japão.
Não atendi ninguém. Depois de jogar as roupas caras pela janela, minha missão era destruir aquele apartamento, pedaço por pedaço. Aquele lugar que eu chamava de lar, montado com extremo bom gosto.
Tesourei as almofadas, o estofado milionário do sofá, as cadeiras. Quebrei todos os enfeites dados no dia do noivado, o vaso de 20.000 de uma tia distante que era feio de doer. Rasguei livros de colecionador e o quadro doado por algum artista da família de James.
Alguém batia na porta. Iam arrombá-la. Não importava. Nada mais me importava.
A fúria começou a doer. Perdi a vontade de viver ali. Sentei-me no sofá e chorei, solucei, por me sentir traída. Eu amava James, ou pelo menos achava que o amava, pelo menos o suficiente para criar uma família. Tinha acabado de pegá-lo no flagra com duas piranhas na cama. Eu era uma idiota iludida. Isso me enfurecia e doía.
— Vem, filha.
Senti meu pai me abraçar. Não sei como ele tinha chegado até ali, mas me abraçava. Deixei-me levar sem perceber o tumulto à minha volta. Minha mãe, me aguardava com um comprimido calmante mais potente de sua coleção.
Por dois dias, dormi e não saí do quarto. Não vi notícias. Afundei-me até me arrastar para o fundo do poço. Mas o poço era ainda mais fundo. Foi o que descobri na reunião de família, quando minha avó, a matriarca da toda-poderosa família Walker, começou a falar:
— Depois do seu escândalo absurdo, fui obrigada a gastar dinheiro com a imprensa para abafar o caso, frear um pouco a sede de sangue da imprensa. Mas nem assim. Você poderia ter sido mais discreta, não ir parar nas páginas de fofoca da internet. Sua mãe parece que não lhe ensinou nada. Mas agora vamos ao que interessa. Já passou uma semana desse absurdo. Quando você pretende falar com James e resolver as coisas com ele?
— Que coisas?
Estava em choque. Minha avó estava sugerindo que eu deveria me resolver com James depois de tudo. Ela ainda achava que existia alguma chance?
— Como assim que coisas? Não seja tonta. Você tem um casamento marcado, milhares de pessoas convidadas, já gastamos uma fortuna, e você acha que vai romper o noivado por uma bobagem?
— Bobagem? Aquele desgraçado estava na cama comendo duas mulheres, uma delas a futura madrinha de casamento, e isso é uma bobagem?
Falei mais alto do que pretendia me levantando do sofá, deixando a família em choque com minha audácia de enfrentar minha avó. Mas eu não iria ceder. Não voltaria com James.
— Quem você pensa que é para falar assim comigo? Você não passa de uma garota mimada e burra, James é de uma excelente família, com quase tanto dinheiro quanto nós. Pouco me importa o que ele fazia, e não deveria lhe importar também, já que homem é assim mesmo. Então, em vez de chorar pelos cantos, resolva isso como uma pessoa adulta.
Não houve oportunidade para resolver como uma pessoa adulta, como queria minha avó. James provou que não havia limite para o seu próprio mal-caratismo. A história da traição e do escândalo foi deixada de lado quando recebi o convite de casamento dele com a minha ex-madrinha de casamento. Mal tinha se passado uma semana do flagra, e ele já tinha convites de casamento? E eles ainda tinham a ousadia de me convidar?
A notícia do casamento se espalhou e minha humilhação se alastrou por todas as esferas de Nova York. Em qualquer lugar que eu fosse, podia sentir os olhares e ouvir os cochichos. O consenso geral era como eu havia sido uma idiota que não tinha percebido que o noivo tinha um caso com a melhor amiga. As pessoas podiam ver pelas redes sociais todas as festas que fomos juntos, até mesmo viagens. Todo mundo se perguntava quando eles tinham começado a ter um caso.
Minha irmã Grace chegou em casa depois que soube do casamento e me encontrou transtornada, andando de um lado para o outro. Meus pensamentos giravam em torno da traição, do escândalo e da humilhação que eu sentia me consumir por dentro.
— Como? Me diz como? — perguntei para minha irmã, mesmo sabendo que ela não tinha resposta. Minha voz saiu mais alta do que eu pretendia, mas não conseguia controlar as emoções.
— Sinto muito por tudo. Fiquei sabendo que nossa avó está enlouquecida. Acho que ela realmente acreditava que vocês fossem reatar ou que ele viesse pedir perdão. — Grace suspirou, sentando-se no sofá me olhando com pena.
— Os dois estão se escondendo. Tentei ligar para aquela desgraçada, mas desde o flagra ela desapareceu. Me diz como posso ter sido tão burra e iludida?
— Elle, não é culpa sua que aqueles dois não têm vergonha nem caráter. O pai estava certo quando disse que James era um fraco. — Grace tentava me consolar, mas eu sentia um desânimo crescente no peito. Só queria desaparecer, sumir para um lugar onde ninguém soubesse meu nome, onde eu não fosse "a traída".
Fui correr no parque de manhã, Ana e Dan estavam lá, com aquela aura de casal perfeito que eles gostam de exibir. Eles mal conseguiam fingir o quanto estavam desconfortáveis, sabe o que é pior? Fiquei sabendo que vão ser os padrinhos, eles eram meus amigos. - Meu sangue fervia de ódio.
Não suportava mais aqueles olhares das pessoas que oscilavam entre pena e divertimento com a fofoca do ano.
— E se você vier trabalhar comigo na galeria em Miami? Estamos com um projeto incrível de uma exposição com artistas locais. Você pode ser uma das curadoras. Vai ser ótimo se afastar de tudo, e aposto que nossa avó nem vai ligar. — Grace sugeriu animada, como se já pudesse me ver vivendo uma nova vida, distante de toda essa confusão.
Era uma boa ideia. Se as coisas dessem certo, eu podia ficar lá de vez. Talvez um recomeço fosse exatamente o que eu precisava.
Olhei para a minha mão. O anel de noivado ainda estava ali, como um lembrete cruel da minha ingenuidade. Respirei fundo, tirei a joia e, sem hesitação, joguei na mesa de centro.
Mais de dez anos tinham se passado, e finalmente a festa iria acontecer. Gabriel passou os últimos dias ansioso, cuidando dos últimos preparativos. Eu tentava deixar os gêmeos apresentáveis para as visitas e, ao mesmo tempo, impedir que destruíssem a decoração da festa. Não era uma data especial, apenas uma comemoração entre velhos amigos. E por isso significava tanto. Depois de tudo o que passamos, era um privilégio poder finalmente comemorar. Decorei a casa com flores tropicais, luzes penduradas entre as árvores e velas aromáticas espalhadas pelos cantos. O cheiro suave de rosas se misturava com o som distante das crianças correndo pelo quintal. Era a primeira vez que veria Elle e Diego depois de tantos anos. Quando nos despedimos, prometemos manter contato, no começo era difícil, pois eu precisava viver escondida, mas com o passar dos anos, com os chefes do cartel sendo presos ou morrendo, tive mais segurança para fazer ligações e chamada de videos. Mas a vida foi acontecendo —
Levou muito tempo até que Elle conseguisse ter um jantar em família, que sua avó permitisse uma aproximação, desde que eu não estivesse presente, é claro. Minha presença nunca foi aceita, mesmo assim eu não queria que Elle ficasse afastada da familia para sempre, então não me importava que ela fosse aos jantares que era convidada sozinha. Quando percebi que o rompimento era definitivo, que Margaret Walker tinha o poder de determinar o que a família pensava, e que Elle havia me escolhido, tive muitas inseguranças e passei várias noites sem dormir.Aquela mulher tinha razão, eu realmente não tinha onde cair morto. Mas Elle nunca desistiu de mim, não me deixou desistir e jamais reclamou. Quando Gabriel foi embora, eu já tinha um emprego, e conseguimos alugar um apartamentinho que, no início, me causou vergonha. Elle nunca tinha morado em um lugar assim. Mas foi um pensamento que logo deixei de lado, porque aquele era o nosso primeiro lar, onde passamos por algumas dificuldades, muitas f
Diego hesitou em ir ao almoço, mas no fim, acredito que percebeu que deveria lutar essa guerra ao meu lado. Eu compreendi que essa era uma conversa definitiva, tinha certeza de que minha avó iria me encurralar e exigir uma escolha. Uma escolha que eu já estava pronta para fazer.O restaurante que minha avó escolheu tinha um nome pomposo em francês e uma decoração cujo objetivo era deixar claro que os frequentadores tinham dinheiro. Não era o melhor restaurante da cidade, mas era, sem dúvida, o que mais ostentava. Não era preciso ser um gênio para entender: o objetivo era mostrar a Diego que ele não pertencia àquele mundo. Porque sim, minha avó não era ingênua e sabia que eu o levaria.Mas, se Diego se sentiu desconfortável, não demonstrou. Quando se sentou à mesa, apenas cumprimentou minha avó como se fosse a coisa mais natural do mundo.Por um segundo, ficamos em silêncio. Eu não sabia o que esperar, então deixei que minha avó desse o primeiro passo.— Então você saiu da cadeia — dis
Depois de matar a saudade, acordar nos braços de Diego me fez sentir, pela primeira vez em muito tempo, feliz de verdade, uma felicidade sem complicações ou preocupações. Eu sentia que todos aqueles dias fugindo e com medo tinham ficado para trás.Claro que era uma ilusão. Os problemas com a justiça estavam resolvidos, mas outros ainda existiam. Agora precisávamos pensar sobre o futuro, e eu ainda não tinha coragem de contar para Diego tudo que tinha acontecido com a minha família, as acusações da minha avó.No dia seguinte, durante o café da manhã, enquanto Gabriel falava sobre os próximos passos, fui surpreendida por uma mensagem da minha avó. Ela pedia, com uma educação estranha, que fôssemos almoçar juntas. Não era nem um pouco inocente. Ela provavelmente já sabia que Diego tinha saído da cadeia e devia estar com medo de que eu me casasse com ele.— Tudo bem? — Diego perguntou, ao perceber que eu fiquei estranha.— Minha avó pediu que eu fosse almoçar com ela hoje.— Pode ser que
— Gente, vocês não precisavam ter feito isso — disse Maria emocionada, quando viu os balões de festa que Gabriel tinha trazido.Depois que acordou do coma induzido, Maria vinha se recuperando rapidamente, para a felicidade de Marquinho e de Gabriel. Nos últimos dias, ele parecia renovado e teve a ideia de fazer uma pequena comemoração com balões e bolo. Eu não tinha ideia de como ele convenceu a equipe do hospital e os seguranças.Marquinho subiu com cuidado no banquinho para dar um beijo na mãe e, todo sorridente, queria mostrar os balões que ele tinha ajudado a encher. Partimos o bolo e, mesmo que Maria ainda não pudesse comer, ela fez questão de dar um pedaço para as enfermeiras que cuidaram dela durante aquele período e até para os guardas na porta que faziam a segurança.Gabriel tinha se dedicado intensamente a reunir provas e organizar o testemunho fornecido por Jess, com o objetivo de tirar Diego da cadeia. Ele tinha dito que tinham conseguido um acordo com um dos policiais cor
A tensão na mesa continuou, mas, apesar de deixar Jess pensativa, não consegui convencê-la. Ela voltou para onde quer que estivesse escondida, e eu voltei com Daniel para o hotel onde estávamos hospedados.— Coragem de pressionar a mulher desse jeito... Ela pode se assustar e fugir para sempre.— Duvido. Com a possibilidade de ganhar dinheiro assim, ela não vai fugir. Tenho certeza de que vai mandar uma mensagem pedindo um novo encontro amanhã. Existe uma diferença entre conseguir três milhões e não conseguir nada.Daniel duvidava da minha análise da situação, mas teve que dar o braço a torcer quando recebeu uma mensagem de Jess pedindo um novo encontro. Eu esperava que fosse melhor que o primeiro e que pudéssemos resolver tudo o mais rápido possível, para então seguir direto para Miami.Gabriel ligou avisando que Diego ainda estava no hospital para fazer alguns exames, mas que estava tudo bem. Maria já começava a dar sinais de que iria acordar, os médicos disseram que ela estava fora
Último capítulo