Isabella, uma jovem de 22 anos, sempre lutou contra as adversidades. Criada em uma família pobre, com um pai alcoólatra e violento, ela encontrou nos estudos sua única esperança de um futuro melhor. Determinada a mudar de vida e dar um novo começo para sua mãe, Isabella aceita uma oportunidade única: trabalhar como au pair para uma família na Espanha. Mas o que ela não esperava era que seu novo chefe seria Miguel Moretti, um CEO arrogante e fechado, que há anos enterrou seus sentimentos após a trágica perda da esposa. Miguel, de 35 anos, é um homem frio e workaholic, que transformou o trabalho em seu único refúgio. A única luz em sua vida é sua filha, Giulia, uma garotinha de cinco anos cheia de vida e curiosidade. Decidido a dar à filha a melhor educação possível, Miguel contrata Isabella como babá, sem imaginar que a chegada daquela jovem brasileira iria abalar sua rotina e despertar emoções que ele jurava ter deixado para trás. Enquanto Isabella se adapta à nova vida em Sevilha, cuidando de Giulia e tentando entender o comportamento distante de Miguel, os dois começam a se aproximar de uma maneira que nenhum dos dois esperava. Isabella, com sua doçura e resiliência, começa a quebrar as barreiras que Miguel construiu ao redor de seu coração. No entanto, segredos do passado e medos profundos ameaçam afastá-los, colocando à prova a conexão que está surgindo entre eles. Em "Uma Última Chance Para Amar: A Babá do CEO Viúvo", Isabella e Miguel descobrem que o amor pode surgir nos lugares mais inesperados, mas só terão uma última chance para superar seus medos e abraçar um futuro juntos. Uma história emocionante sobre segundas chances, cura e o poder transformador do amor.
Ler maisO sol já se punha sobre São Paulo quando finalmente saí da faculdade. Meus pés doíam depois de horas em pé, limpando quartos de hotel antes das aulas, e minha mochila parecia pesar o dobro do normal com os livros que eu mal tinha tempo de abrir. O cansaço era tanto que até respirar parecia exigir um esforço extra.
Com um suspiro, caminhei até o ponto de ônibus, onde já se formava uma pequena multidão de pessoas igualmente exaustas. O trânsito caótico da cidade não perdoava ninguém, e o ônibus que eu precisava pegar sempre demorava mais do que deveria. Enquanto esperava, encostei minha mochila no chão e fechei os olhos por um instante, tentando me convencer de que ainda tinha energia para o trajeto de quase uma hora até casa.
Quando o ônibus finalmente chegou, quase não consegui subir os degraus.
Meu corpo pedia descanso, mas minha mente sabia que o dia ainda não tinha acabado. Encontrei um lugar no fundo, longe das janelas quebradas e dos assentos rasgados, e deixei minha mochila no colo. Encostei a cabeça no vidro frio, fechando os olhos novamente. Normalmente, eu usaria esse tempo para revisar as matérias do dia ou ler algum capítulo atrasado, mas hoje não dava.
Hoje, eu só queria dormir.
Mas o sono não veio. Em vez disso, meus pensamentos começaram a girar em torno de tudo o que ainda precisava ser feito. A pilha de roupas para lavar, a janta que eu teria que preparar para mim e para minha mãe, e aquele relatório da faculdade que eu mal tinha começado. A vida nunca tinha sido fácil, mas nos últimos meses, parecia que o universo tinha decidido testar meus limites.
Meu pai, um homem que eu mal conseguia chamar de "pai", estava cada vez pior.
O álcool tinha consumido o pouco que restava dele, e as brigas em casa estavam mais frequentes e violentas. Minha mãe, sempre submissa, continuava aguentando calada, mesmo quando eu implorava para que ela o deixasse. "Ele vai mudar, Isa", ela sempre dizia, com um olhar cheio de esperança que eu não conseguia entender. Mas eu sabia que ele nunca mudaria. E eu também sabia que, enquanto ele estivesse por perto, nenhuma de nós teria paz.
Apertei os olhos com mais força, tentando bloquear os pensamentos negativos. Não adiantava ficar remoendo o que eu não podia mudar. Em vez disso, decidi checar meu e-mail. Talvez a professora Ana tivesse respondido sobre o programa de intercâmbio.
Ela tinha me ajudado a me inscrever para uma vaga de au pair na Espanha, e eu estava esperando uma resposta há semanas. Era minha única chance de sair dali, de dar uma vida melhor para minha mãe e, quem sabe, encontrar um pouco de paz para mim mesma.
Abri o aplicativo do celular, segurando a respiração enquanto esperava os e-mails carregarem. Nada. Nenhuma mensagem nova. Soltei o ar que estava prendendo, sentindo uma mistura de frustração e desespero.
Eu precisava daquilo. Precisava de uma saída. De uma chance. Eu não podia desistir. Não agora. Minha mãe dependia de mim, e eu tinha prometido a mim mesma que faria tudo o que fosse preciso para nos tirar dali.
Quando o ônibus finalmente chegou ao meu bairro, já estava escuro. Caminhei até casa, sentindo o peso da mochila e do cansaço, mas também a determinação que sempre me impulsionava.
Ao abrir a porta, ouvi os sons familiares de uma discussão. Meu pai estava gritando, e minha mãe tentava acalmá-lo com uma voz trêmula. Fechei os olhos por um instante, respirando fundo antes de entrar na sala.
— Isa! — minha mãe disse, aliviada ao me ver. — Você chegou. Já jantou?
— Ainda não — respondi, deixando a mochila no chão. — Eu faço algo para a gente.
Isabella Viana
— Você não faz nada! — a voz do meu pai cortou o ar como uma faca. Ele se levantou cambaleante, a garrafa de cachaça balançando em sua mão. — Você só quer fugir, não é? Igual a sua mãe! Duas ingratas!
Minha mãe deu um passo para trás, as mãos tremendo. Eu conhecia bem aquele olhar nela. Medo. O mesmo medo que me acompanhava desde que eu era criança.
— Pai, não começa… — tentei manter minha voz firme, mas meu coração martelava contra o peito.
Ele bufou, apontando um dedo trêmulo para minha mãe.
— Você me trata como lixo dentro da minha própria casa! Sempre me olhando desse jeito, como se eu fosse um monstro!
— Porque você age como um! — As palavras escaparam da minha boca antes que eu pudesse me conter.
O silêncio que se seguiu foi denso, sufocante. O olhar do meu pai encontrou o meu, e por um segundo, achei que ele fosse avançar. Mas, em vez disso, ele riu. Um riso amargo, carregado de álcool e ressentimento.
— Olha só, a princesinha agora tem coragem, né? — Ele balançou a cabeça, voltando a se sentar no sofá. — Fala o que quiser. No fim, vocês duas sempre vão precisar de mim.
Minha mãe abaixou os olhos, e eu senti um nó na garganta. Eu queria gritar, dizer que ele estava errado, que nós não precisávamos dele. Mas as palavras ficaram presas. Porque, por mais que eu quisesse acreditar nisso, a verdade era que ainda estávamos ali. Presas naquele ciclo. E eu não sabia até quando.
Voltei para a cozinha com os punhos cerrados, tentando controlar o tremor nas mãos. Peguei os ingredientes para o jantar, forçando-me a focar na única coisa que eu podia fazer agora: seguir em frente. Eu precisava daquela vaga e amanhã iria pessoalmente implorar a minha professora que me tirasse daquilo.
17 anos depois...Sempre ouvi dizer que o tempo voa. Mas a verdade é que a gente só percebe isso quando olha pra trás e se dá conta de tudo o que já viveu.Hoje eu tô sentada no chão do meu quarto, com uma mala aberta na frente, a cabeça cheia de memórias e o coração apertado de um jeito que é difícil de explicar.Em poucas horas, vou embarcar no meu intercâmbio — um sonho que nasceu meio tímido lá atrás, entre aulas de inglês e filmes com legendas, e que agora virou realidade. Londres me espera. Mas, antes de partir, eu precisava deixar algumas coisas no lugar dentro de mim.Foram doze anos desde o transplante. Doze anos desde que minha vida
O sol começava a se esconder atrás das árvores, espalhando uma luz dourada sobre o jardim que, por meses, tinha sido o palco das nossas manhãs, risadas e reconstruções. E agora, seria também o cenário do nosso “sim”.A grama estava aparada, as luzes penduradas entre os galhos balançavam levemente com a brisa da tarde, e havia flores brancas por todos os cantos. Tudo simples. Íntimo. Perfeito.Maria organizava os últimos detalhes ao lado do florista, com os olhos marejados — ela dizia que eram as flores que a deixavam assim, mas todos sabíamos que não era só isso. Giulia corria entre as cadeiras com seu vestidinho branco rodado e uma coroa de flores que fizemos juntas pela manhã. Cada pétala parecia sorrir nela.
O uniforme dela parecia pequeno demais para tanto orgulho. A mochila cor-de-rosa, com as princesas estampadas, pesava quase nada, mas Giulia a carregava como se fosse um troféu. Era o primeiro dia de aula depois de tudo — depois do hospital, do transplante, dos dias em que o futuro parecia frágil demais pra ser sonhado.Agora, aqui estávamos. No portão da escola. Um novo começo.Isa segurava a mão de Giulia com firmeza, mas eu sabia o que se passava no coração dela. Vi quando seus olhos marejaram ao ajeitar a presilha dourada no cabelo da nossa pequena. Não chorei, mas senti. Porque aquilo... aquilo era maior do que um simples recomeço. Era o nosso milagre caminhando em direção ao mundo, finalmente livre.— Pronta, minha princesa? — perguntei, me agachando para ficar da altura dela.Giulia assentiu com entusiasmo, segurando minha bochecha com as duas mãozinhas.— Prontinha, papai! Posso contar pra professora que agora eu tenho duas famílias? — ela perguntou, com aquela espontaneidade
Quando decidi pedir Isa em casamento, eu sabia que aquele gesto era mais do que amor — era reconhecimento, era acolhimento, era a aceitação de tudo o que ela representava em nossas vidas. O que eu não esperava era o quanto isso mexeria comigo, dia após dia, desde que ela disse sim.Não foi como da primeira vez. Quando me casei com Helena, éramos dois jovens apaixonados, cheios de sonhos e planos em construção. A celebração foi linda, grandiosa, mas carregada da urgência típica da juventude. Com Isa... tudo parecia diferente. Mais lento, mais consciente. Mais profundo. E ao mesmo tempo, infinitamente mais leve.Estávamos sentados juntos no jardim da casa, com papéis espalhados pela mesinha de madeira — fotos de lugares, orçamentos, croquis simples desenhados por Isa num guardanapo. O sol filtrava pelas folhas das árvores e Giulia, com os cabelos presos num rabo bagunçado, corria pelo gramado com Maria atrás dela, as duas rindo enquanto sopravam bolhas de sabão. Era difícil acreditar que
O céu estava limpo naquela manhã. Daqueles dias em que o sol é gentil, o vento sopra devagar e até o silêncio parece respeitoso. Eu sabia que seria um dia diferente. Um dia necessário.Miguel segurava minha mão com firmeza enquanto caminhávamos devagar entre os caminhos estreitos do cemitério. Do outro lado, Giulia pulava de pedra em pedra, sem nunca soltar os dedos do pai. Usava um vestidinho branco que ela mesma escolheu — “porque branco é cor de nuvem e de paz, mamãe Isa”, ela disse.Eu sorri. Ela me chama assim agora. De vez em quando, ainda com um pouco de cuidado, mas já me chama. E toda vez que o faz, é como se um novo alicerce se formasse dentro de mim. Um laço que não se força, apenas se constrói. Dia após dia.Chegamos ao túmulo. Era simples, bonito e sereno. O nome de Helena gravado em letras douradas sobre a pedra branca. Uma pequena moldura com uma foto ao lado. Ela era linda. E serena. Eu já tinha visto fotos antes, mas ali, diante dela, senti algo diferente. Um respeito
Hoje é um dia muito importante. A mamãe Isa me ajudou a colocar o vestido rosa que tem uns desenhinhos de nuvem. Eu gosto dele porque ele é macio e parece que estou vestindo um pedacinho do céu. O papai Miguel já estava pronto e colocou uma camisa azul que combinava com os olhos dele. Ele sempre diz que azul é a cor da calma. E hoje a gente precisa de muita calma.Eu sentei no sofá e esperei ele calçar meu sapatinho. A Isa penteou meu cabelo com cuidado, mesmo que ele ainda esteja curtinho. Ela falou que já já ele vai crescer de novo, e eu poderei escolher se quero deixar igual ao da Rapunzel ou da Moana. Eu gosto da Moana porque ela é corajosa e forte, e o papai disse que eu sou igualzinha.— Pronta, meu amor? — o papai perguntou.— Sim! — eu falei bem alto, levantando os braços.No carro, o papai deixou eu escolher a música. Coloquei aquela do “let it go” que a gente sempre canta junto. A Isa colocou a mão na minha perna e ficou me olhando com um sorrisinho. Às vezes ela me olha ass
Último capítulo