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Capítulo 7. Pedido de desculpas

Depois da discussão, pensei que seria demitida, mas Eduardo se trancou novamente no escritório e não disse mais nada. No almoço, tudo parecia normal, mesmo com as crianças mais quietas, ainda com medo da reação do pai depois da bola na janela.

Mas eu fiquei remoendo e com peso na consciência, não deveria ter falado aquelas coisas para ele, muito menos me intrometido na briga. Ele tinha razão, Davi fez uma coisa grave, podia ter machucado alguém, e merecia uma bronca do pai. Mas quando vi o olhar  assustado das crianças, meio que perdi a cabeça e o bom senso. 

Devo dizer que depois desse episódio, eles passaram a gostar mais de mim, não me vendo apenas como mais uma babá, mas como alguém que se importava. Eu fiquei feliz, mesmo que fosse pelo motivo errado. 

À tarde, elaborei uma brincadeira de caça ao tesouro no quintal, deixando fora do alcance a bola e qualquer coisa que fosse quebrável ou arremessável.

E no fim do dia, decidi falar com meu chefe e pedir desculpas. Percebi que ele ia sair, não estava usando o terno e gravata de sempre, mas uma roupa mais casual e bonita, que ficava bem nele, por um momento quase babei admirando Eduardo, ele estava muito bonito. Logo em seguida senti uma pontada de decepção, por ele não querer jantar com as crianças e mais uma vez, tinha que lembrar que não era problema meu.

Pedi desculpas, disse que não ia mais acontecer e, antes que ele dissesse qualquer coisa, uma mulher chegou, entrou na casa sem cerimônia e deu um beijo bem sugestivo no rosto de Eduardo, que pareceu, por um momento, um pouco contrariado.

A mulher que devia ter a mesma idade do meu chefe era belíssima, alta, loira,  com uma maquiagem impecável e um vestido decotado que não deixava dúvidas de que era mais caro do que meu salário. Eu era apenas uma babá, que ao longo do dia tinha corrido atrás de três crianças, estava descabelada, com cara de cansada, e aquele contraste me deixou muito sem graça de estar ali, na presença dos dois.

Eduardo me apresentou à mulher, que fez um comentário que deveria ser uma piada... sei lá. Rapidamente avisei que precisava ficar com as crianças e saí quase correndo para a cozinha, onde Carmem estava servindo o jantar delas.

— Chegou alguém? Acho que ouvi o barulho da porta — ela perguntou, enquanto picava um filé de frango para as crianças, que estavam com tanta fome que nem repararam na movimentação.

— Uma mulher. Acho que o nome é Beatriz.

Carmem resmungou alguma coisa e fez uma cara de desagrado, sem margem para dúvida de que não gostava da tal Beatriz. Não ia falar nada na frente das crianças, mas, na primeira oportunidade, eu teria um monte de perguntas para fazer.

Eduardo, depois de alguns minutos, veio até a cozinha se despedir dos filhos.

— O senhor volta hoje? — perguntou Davi, com a mesma carinha triste de sempre que o pai saía.

— Volto. Só amanhã à tarde que vou viajar. Talvez a vovó Lúcia passe aqui amanhã — ele disse antes de ir.

Percebi que as crianças não ficaram muito felizes com essa notícia, o que achei estranho. Mas só depois, no banho e com todos já na cama dormindo, descobri o porquê.

Quando desci para a cozinha para pegar uma água, Carmem ainda não tinha ido embora. Ela e a faxineira não dormiam na casa como eu, e saíam por volta das sete da noite.

— O que a senhora ainda está fazendo aqui?

— Se o que o doutor disse é verdade, que a Dona Lúcia vai vir amanhã, tenho que deixar as coisas prontas. A mulher é meio chata com comida e não come quase nada. Acho que vou fazer risoto de camarão e mousse de limão com iogurte natural.

— E as crianças gostam?

— Não, elas detestam, mas a mulher é meio fresca.

— Percebi que eles não ficaram muito felizes com a visita da avó.

— Se ela vier mesmo. Porque às vezes ela diz que vem e não aparece. Mas, se ela vier, você vai entender. Foi muito difícil para todo mundo a morte da Melissa, mas para Lúcia — que era a mãe dela — foi pior. Ela nunca se recuperou e, o pior de tudo, culpa o doutor Eduardo pela morte da filha. As crianças já presenciaram algumas coisas bem desagradáveis.

Fiquei um pouco chocada com a informação, mais pelas crianças terem que ouvir uma coisa dessas.

— E se alguma das crianças comentar que a Beatriz esteve aqui e que o pai saiu com ela, vai ser o fim do mundo. A mulher vai ficar irada. Às vezes ela fala como se a Melissa ainda estivesse viva. Vai ser um dia bem complicado.

— Você acha que eles vão falar?

— Dúvido. Mas sabe como é... criança deixa escapar as coisas.

Eu já começava a ficar preocupada com o que poderia acontecer, mas havia outra curiosidade cutucando minha mente.

— E a Beatriz? Fiquei com a impressão de que você não gosta muito dela.

— Aquela mulher é insuportável. Desde a morte da Melissa, ela fica rondando o doutor Eduardo em busca de uma oportunidade. Acontece que ele nunca deu abertura e, para falar a verdade, nunca superou o que houve com a Melissa. Para piorar, agora Dona Sandra também está tentando fazer esse relacionamento andar. Mas Deus me livre! A mulher é insuportável e tenho minhas dúvidas se gosta de criança de verdade. Acho que é só fingimento.

Carmem terminou de falar, deixou as coisas mais ou menos preparadas e saiu. Eu não soube opinar sobre Beatriz, porque a vi por cinco minutos, e ela mal olhou na minha cara.

Hoje tinha sido um dia cansativo, com a confusão de manhã, e, pelo que tinha entendido, o dia seguinte poderia ser ainda pior.

Precisava urgentemente me encontrar com Aninha no fim de semana para contar tudo. Ela ia ficar doida quando eu contasse que mal comecei o trabalho e já briguei com meu chefe de novo.

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