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Capítulo 3. Primeiro dia de trabalho

— Se eu soubesse que você ia trabalhar com o mesmo cara da lanchonete, nem tinha falado nada - Disse Aninha enquanto me ajudava a arrumar minhas coisas. 

Ela ficou indignada e falou que eu deveria desistir, mas expliquei que agora ia até o fim, mesmo porque ele tinha me reconhecido. 

Eu dividia meu quarto na pensão com mais duas meninas. Era um quartinho com uma beliche e uma cama. Por sorteio e meu azar fiquei com a beliche de baixo, sozinha, e ainda tinha que aguentar o rangido da cama cada vez que Renata se mexia no sono. Além disso, o quarto era uma bagunça, já que as duas não eram muito fãs de organização.

Arrumei minhas coisas em uma mochila e algumas sacolas: roupas, calçados, uns cadernos e três livros. Era tudo o que eu podia ter, já que não tinha onde guardar nada. Meu sonho era, um dia, ter minha própria casa. Um canto só meu, onde eu pudesse decorar do meu jeito e ter minhas coisas.

Ainda passei na lanchonete para cobrar os dias trabalhados da minha ex-chefe. Era um trabalho sem registro, então era tudo o que eu podia cobrar da Neide, que pagou de má vontade mas pagou, pelo menos.

Fazer esse teste de me mudar era um risco, eu sabia. Se não desse certo, eu estaria na rua e sem emprego. Mas a tia e Ana garantiram que eu teria onde ficar, e que eu arrumaria fácil outro trabalho. Assim, só com uma mochila e algumas sacolas, fui para a mansão iniciar meu novo trabalho.

Márcia me recebeu na porta novamente. Tinha uma série de orientações para me passar e precisava apresentar os outros funcionários da casa.

— As crianças estão com a avó, mãe do Eduardo. Mês que vem voltam às aulas, então ela está levando eles para aproveitar um pouco as férias. Ela volta à noite e quer te conhecer também — disse Márcia, enquanto me guiava pela casa.

A casa era maior do que eu imaginava. Eu tinha visto apenas o escritório e a sala, mas havia muito mais,  uma sala de jogos, outro escritório... No andar de cima, havia sete quartos. Um deles seria o meu, que ficava ao lado do das crianças. Davi tinha um quarto só dele, e os gêmeos ficavam em outro. Eu nunca tinha visto um quarto tão grande para uma pessoa só, e tentava disfarçar o quanto tudo aquilo era novidade.

Do lado de fora, havia uma área com piscina coberta e aquecida e outra piscina descoberta ao lado de um espaço de festas. Quando voltamos para a cozinha, eu já estava zonza de tanta informação e era capaz de me perder naquela mansão.

Márcia me apresentou a cozinheira Carmem, que trabalhava na casa há vários anos e a faxineira Tânia, que era nova na casa. 

Tânia e Carmem me cumprimentaram com simpatia. Pareciam pessoas boas e alegres. Almoçamos juntas, com as duas falando sem parar, sobre as fofocas da vizinhança e de como as crianças eram arteiras.

— Eles são boas crianças. Sofreram muito com a morte da dona Melissa, e o Doutor Eduardo nunca mais foi mesmo, vive viajando a trabalho, ele não consegue ficar mais que dois dias aqui com os filhos  — disse Carmem, que trabalhava na casa desde o casamento de Eduardo e Melissa, e era, depois de Márcia, quem mais conhecia a história da família.

Márcia olhou feio para Carmem, que mudou de assunto, percebi que havia coisas que elas não queriam comentar muito, como, por exemplo, como foi o acidente que matou Melissa. Como Eduardo usava uma bengala, minha intuição dizia que ele também esteve no acidente. Mas era uma informação íntima demais para perguntar no primeiro dia.

Márcia me passou a agenda das crianças. Pela manhã, todos iam para a escola no mesmo horário, e eu os acompanharia junto com o motorista. Após as aulas, os gêmeos tinham aula de natação, Davi fazia judô e Alice ainda tinha aula de balé três vezes por semana. Os meninos também faziam caratê. Alguém naquela casa gostava bastante de lutas.  Provavelmente o pai.

Parecia uma rotina exaustiva, e minha função era levá-los, cuidar dos materiais, dos uniformes e garantir que tudo acontecesse como um relógio.

Na minha escala, já estavam determinadas as noites em que eu ficaria fora por causa da faculdade. Pela manhã, enquanto as crianças estivessem na escola, aquele seria meu momento de folga, a menos que houvesse algo urgente relacionado a elas.

Passei a tarde arrumando meu quarto. Era uma suíte, com banheiro só para mim. Pela primeira vez, eu podia deixar meus produtos de beleza no banheiro sem medo de alguém pegá-los. Eu sabia que não podia me apegar a esses detalhes, já que aquela casa não era minha e eu nem sabia se ficaria muito tempo no emprego. Mas alguns sentimentos eram inevitáveis.

No quarto, havia um quadro de camurça. Foi lá que pendurei minha lista. Sempre deixava à vista para lembrar dos meus objetivos e não me perder. A lista tinha dez metas:

1. Não me perder no meio do caminho

2. Guardar dinheiro para comprar uma casa

3. Descobrir quem é minha família

4. Estudar

5. Ter uma biblioteca

6. Aprender francês

7. Viajar o mundo

8. Escrever um livro 

9. Fazer um cruzeiro

10. Subir o Monte Roraima

Ao lado da lista, colei fotos de diversos lugares do mundo: a Torre Eiffel, Notre-Dame, cachoeiras, o Cristo Redentor... Gostava de lembrar que o mundo era grande, que havia muitas coisas lá fora para eu descobrir.

Antes das seis da tarde, as crianças chegaram com a avó e uma mulher que, sem dúvida alguma, era irmã de Eduardo, os dois eram muito parecidos. 

— Essa é a Sofia. Ela está em período de teste para o cargo de babá das crianças. O doutor Eduardo já fez a entrevista, junto comigo também. - Márcia me apresentou.  

— Ela não é muito nova? — A mãe de Eduardo me olhou de um jeito estranho, me avaliando de cima a baixo, numa clara demonstração de desprezo. Se com o filho eu tive coragem para falar, com ela perdi a capacidade de pensar. Meu instinto gritava para eu correr na direção contrária. Aquela mulher não prestava.

— Olá, meu nome é Fabiana, sou irmã do Eduardo. Prazer. Só não se assuste com os pestinhas — disse a mulher, simpática, estendendo a mão.

Os gêmeos me cumprimentaram, mas Davi ficou de lado, olhando desconfiado. Márcia foi conversar a sós com a senhora, provavelmente tentando convencê-la de que eu merecia o emprego.

— Não liga para a minha mãe. Ela é assim mesmo — disse Fabiana. Gostei dela logo de cara.

Depois de alguns minutos, as mulheres voltaram. Fabiana e dona Sandra foram embora sem jantar, alegando que tinham um compromisso. Agora éramos só eu e as crianças, já que o pai estava fora mais uma vez.

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