CAPÍTULO 23

ALESSANDRO

O silêncio entre nós era quase insuportável.

O ar parecia pesado demais, e eu podia sentir o ódio queimando por dentro — não apenas por Viktor, mas pela mulher à minha frente.

Donatella falava de Isabella como se fosse vítima do destino, mas eu via apenas o resultado da crueldade que ela mesma permitira.

— Você a treinou como um soldado — minha voz saiu áspera, como um rugido contido. — Uma criança, Donatella. Uma maldita criança.

Ela não respondeu de imediato. Apenas fechou os olhos e inspirou fundo, tentando manter a compostura.

— Eu fiz o que era necessário.

— Necessário? — avancei um passo, o olhar fixo nela. — Que tipo de mãe acha “necessário” ensinar a filha a suportar tortura, a matar, a ser um fantasma?

Donatella manteve o olhar firme, embora sua voz estivesse carregada de dor.

— A mãe que não tinha escolha, Alessandro.

Ela abaixou a cabeça, e sua voz se tornou um sussurro cansado.

— Você acha que eu não sangrava junto? Que eu não sentia o gosto do inferno toda vez
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