ALESSANDRO
O silêncio entre nós era quase insuportável.
O ar parecia pesado demais, e eu podia sentir o ódio queimando por dentro — não apenas por Viktor, mas pela mulher à minha frente.
Donatella falava de Isabella como se fosse vítima do destino, mas eu via apenas o resultado da crueldade que ela mesma permitira.
— Você a treinou como um soldado — minha voz saiu áspera, como um rugido contido. — Uma criança, Donatella. Uma maldita criança.
Ela não respondeu de imediato. Apenas fechou os olhos e inspirou fundo, tentando manter a compostura.
— Eu fiz o que era necessário.
— Necessário? — avancei um passo, o olhar fixo nela. — Que tipo de mãe acha “necessário” ensinar a filha a suportar tortura, a matar, a ser um fantasma?
Donatella manteve o olhar firme, embora sua voz estivesse carregada de dor.
— A mãe que não tinha escolha, Alessandro.
Ela abaixou a cabeça, e sua voz se tornou um sussurro cansado.
— Você acha que eu não sangrava junto? Que eu não sentia o gosto do inferno toda vez