ISABELLA
A madrugada era silenciosa, interrompida apenas pelo som do monitor cardíaco e o tic-tac do relógio.
Alessandro dormia sentado ao lado da minha cama, os dedos entrelaçados nos meus, como se tivesse medo que eu desaparecesse se soltasse.
Fiquei observando o rosto dele.
Tão calmo quando dormia… tão diferente do homem que o mundo via.
Mas eu sabia o que se escondia por trás daquela calma.
Medo.
O mesmo medo que eu sempre carreguei — de perder o controle, de falhar, de amar alguém o bastante para ter algo a perder.
Respirei fundo, tentando reunir forças.
— Alessandro… — sussurrei.
Ele despertou num segundo, os olhos alertas, como se tivesse dormido de ouvido aberto.
— Isabella…? Está tudo bem?
Assenti devagar.
— Está. Só… quero te contar uma coisa.
Ele se aproximou, ainda com o olhar preocupado.
— Não precisa agora, amor. Você precisa descansar.
— Preciso que você entenda quem está ao seu lado — interrompi, com a voz rouca. — Porque o que fizeram comigo… é parte do que eu sou.
O