A manhã chegou com o barulho da chuva fina nas telhas e um cheiro de café recém-passado que atravessou o corredor. Vivian abriu os olhos devagar. Eduardo ainda estava ali, encostado na cabeceira, a mão entrelaçada na dela como uma ponte paciente. Havia marcas de cansaço no rosto dele, mas algo em sua presença encostava calma no peito dela, como se dissesse sem palavras: “você chegou até aqui”.
Aline apareceu na porta com uma bandeja modesta — café, pão, dois copos d’água — e uma pasta de elásticos cruzados. O cabelo preso, o casaco militar sem frescura. Ela apoiou a bandeja na cômoda e pousou a pasta no colo de Eduardo.
— Relatório da madrugada — disse. — O atentado foi planejado com precisão. Dois veículos com placas frias, rotas testadas nos últimos três dias, e um terceiro carro de batedor em call com o motorista. Não improviso. Coreografia.
Eduardo abriu a pasta. Os mapas, as fotos, as linhas em caneta fluorescente. Vivian se sentou, coberta até a cintura, e esticou o pescoço para