O quarto do hospital estava mergulhado em uma tranquilidade estranha, como se o tempo tivesse desacelerado para nos deixar respirar. A luz suave filtrava-se pelas persianas, desenhando sombras delicadas no chão de vinil branco. Giulia dormia, pequena e frágil naquela cama grande demais para o seu corpo miúdo. Mas havia cor em suas bochechas agora, um leve rosado que não víamos há dias. E isso, por si só, já me fazia respirar com mais alívio.
Estávamos ali, eu, Isa, meus ex-sogros, e o silêncio entre nós era carregado de coisas não ditas. Lourdes estava sentada na poltrona ao lado da cama, segurando a mãozinha de Giulia como se temesse perdê-la de novo. Roberto, de pé perto da janela, parecia observar o mundo lá fora, mas seus olhos estavam voltados para dentro — para as lembranças, talvez, para os medos.
— Ela está mais corada hoje — murmurou Lourdes, tentando conter a emoção na voz.
Assenti, com um pequeno sorriso. — Dormiu bem, comeu um pouco... É um bom sinal.
Isa estava ao meu lad