O som da porta se fechando atrás de mim foi o sinal de que o dia finalmente tinha acabado. A audiência tinha me drenado de corpo e alma, mas, pela primeira vez em muito tempo, eu me sentia leve. Clara era oficialmente minha. E essa era a única vitória que realmente importava.
Quando entrei na sala, o cheiro de café fresco me recebeu, seguido pelos passos apressados de Lourdes.
— Doutor Rodolfo! — ela surgiu com o avental ainda amarrado na cintura e um sorriso tão grande que quase me fez rir. — Como foi?
Eu larguei a pasta sobre o sofá e soltei um suspiro demorado.
— Ganhamos, Lourdes.
Ela bateu palmas, emocionada.
— Eu sabia! A justiça tarda, mas não falha.
— Dessa vez, não falhou mesmo. — respondi, deixando o peso do casaco sobre o encosto.
Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, Serena apareceu na porta da cozinha. O olhar dela me encontrou — calmo, hesitante — e bastou isso para o cansaço do dia inteiro desaparecer.
— Parabéns, doutor. — ela disse, a voz baixa, com um sorriso