Fazia dias que eu estava estranha. Enjoada, tonta, o estômago revirando sem motivo. No começo, achei que fosse o café da cantina — aquele horror que chamavam de expresso —, ou talvez o nervosismo com as provas finais. Mas, naquela manhã, enquanto tentava prestar atenção na aula de Direito Penal, o simples cheiro da caneta da professora me fez querer sair correndo da sala.
Quando o sinal tocou, eu fui direto para o pátio respirar um pouco. O ar fresco não ajudou muito, mas pelo menos o enjoo diminuiu. Sentei num dos bancos de cimento e fechei os olhos. O som dos alunos conversando ao redor parecia distante, abafado, como se o mundo inteiro tivesse se tornado um zumbido.
— Serena? — a voz de Ana me puxou de volta.
Abri os olhos devagar. Ela estava parada na minha frente, segurando dois cafés e me olhando com aquele ar de quem já sabia a resposta pra tudo.
— Você está péssima — disse, sentando ao meu lado.
Suspirei.
— Obrigada pela gentileza.
— Não estou brincando, olha pra você. Tá páli