O fórum tinha aquele cheiro de papel e nervosismo que sempre me incomodou. Gente andando apressada pelos corredores, advogados de terno escuro, o som dos saltos ecoando no piso frio. Parecia um campo de batalha silencioso, e naquele dia, era exatamente isso.
Daniel me esperava perto da porta da sala de audiência, folheando algumas páginas da pasta que trazia sob o braço. Quando me viu, ergueu o olhar e me cumprimentou com um leve aceno.
— Pronto? — perguntou, com o tom calmo de quem já venceu essa guerra antes.
Assenti.
— Pronto.
Ele sorriu de canto. — Hoje é o dia em que você volta a respirar, Rodolfo.
A porta da sala se abriu, e o oficial anunciou o início da audiência. Entramos. Lá dentro, o juiz já estava sentado, ajustando os óculos. Do outro lado da mesa, Marina, impecável como sempre — o cabelo preso, o semblante frio, as unhas vermelhas. E ao lado dela, o advogado que eu já sabia ser uma cobra disfarçada de terno.
Sentei ao lado de Daniel. Ele colocou os documentos sobre a mes