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Capítulo 5: Um Fio de Esperança - Miguel Benites

Dirigir até o cemitério naquela manhã parecia uma tarefa simples, mas, para mim, era uma viagem carregada de sentimentos que eu não sabia muito bem como controlar. O volante pesado em minhas mãos, o ronco do motor que cortava o silêncio do carro, tudo parecia amplificar a tempestade que fazia morada dentro do meu peito. 

A cidade passava lentamente pela janela, mas meus olhos não viam nada além do caminho que me levava até aquele lugar que eu evitava há meses, o lugar onde o tempo parou no dia em que Helena se foi. Cada semáforo, cada curva, me fazia lembrar dela, do seu sorriso, do jeito como segurava minha mão, da voz suave que acalmava minhas angústias. 

Cheguei ao cemitério. Estacionei o carro com as mãos ainda trêmulas, o coração apertado. O ar frio da manhã parecia mais cortante ali, e a paz que as pessoas procuram naquele lugar parecia fugir de mim. Caminhei lentamente pelas alamedas de mármore e flores, tentando encontrar o túmulo dela, o local onde sua lembrança está guardada para sempre. 

Antes, porém, parei numa pequena floricultura ao lado da entrada. Escolhi cuidadosamente um bouquet de lírios brancos, as flores que ela mais gostava, aquelas que enfeitavam a casa nos momentos mais felizes. O vendedor me entregou as flores com um sorriso gentil, talvez percebendo a tristeza que eu carregava. 

Com o buquê nas mãos, atravessei o cemitério, passando por dezenas de cruzes, nomes e datas que contavam histórias de amor, perda e saudade. Procurei pelo nome dela em cada lápide, meu coração batendo mais forte a cada passo. 

Encontrei. “Helena Benites” — as letras gravadas na pedra branca pareciam brilhar sob o sol fraco da manhã. Ao lado, um vaso vazio esperando pelas flores que eu trazia. 

Ajoelhei-me com cuidado diante do túmulo. O peso da saudade esmagava meu peito, e as palavras que eu queria dizer se formavam como um nó na garganta. Mas respirei fundo e comecei.

— Helena... Há tanto que eu queria te contar. Dois anos se passaram desde que você partiu, e parece que ainda estou aprendendo a viver sem você. 

Minha voz falhou, e as lágrimas vieram. Limpei-as com as mãos, sentindo o frio do mármore contra meus joelhos. 

— Você sabe como foi difícil, não é? A luta contra a bebida, os dias em que pensei em desistir, em me entregar ao vazio que parecia me engolir. 

Coloquei as flores no vaso com cuidado, quase como se entregasse a ela um pedaço do meu coração. 

— Giulia sente sua falta todos os dias. Eu tento ser forte por ela, por nós, mas há momentos em que a dor é tão grande que parece que vou quebrar. 

Falei sobre as noites acordadas, as dúvidas, o medo de não ser suficiente. Falei sobre o amor que ainda guardo por você, mesmo que você não esteja mais aqui para ouvir. 

— Mas eu prometo, Helena, que vou continuar lutando. Vou ser o pai que você sempre sonhou para nossa filha. 

O silêncio do cemitério me envolvia, e eu sentia como se você estivesse ali, ouvindo cada palavra. 

Por fim, levantei-me, um pouco mais leve, mas com a certeza de que a luta estava longe do fim. 

Enquanto caminhava para o carro, uma ideia inquietante surgiu na minha mente, um novo desafio que poderia mudar tudo.

Caminhei devagar para o carro, o peso da conversa comigo mesmo ainda fresco na mente. O sol já começava a esquentar, e a cidade despertava para um dia corrido, mas eu parecia alheio a tudo isso. Coloquei o cinto, liguei o motor e deixei o cemitério para trás, carregando comigo a promessa que fiz à Helena e o medo do futuro incerto. 

No caminho de volta, pensei em Giulia — como ela está, se está feliz, sente falta da mãe tanto quanto eu. Senti o aperto no peito ao imaginar aquele sorriso que eu faria qualquer coisa para proteger. A vida continua, pensei. Por mais difícil que seja, eu tenho que estar presente para ela. 

Cheguei à empresa, estacionado numa vaga apertada, já me preparando para a avalanche de compromissos e decisões que me esperavam. Entrei no prédio e fui direto para o meu escritório, tentando focar no trabalho, mas a mente ainda girava em torno do que havia vivido há pouco. 

Foi quando o telefone tocou, e a voz calma de Carmen preencheu a sala.

— Senhor Miguel, Isa estará chegando em breve. 

Sorri levemente, um misto de nervosismo e esperança me invadindo. 

— Ela vem mesmo hoje? 

— Sim. A garota está vindo de longe para um país estranho. Já preparou a casa para recebê-la? 

Pensei por um instante, depois respondi.

— Fiz o possível. Mas não tenho certeza de como será o encontro. 

Ela suspirou do outro lado da linha, como se entendesse cada preocupação minha. 

— Receba-a com calma, senhor. Isa vai precisar de um porto seguro, alguém em quem possa confiar.

Assenti, mesmo sabendo que ela não podia me ver.

— Obrigado, Carmen. Vou fazer o meu melhor. 

Desliguei o telefone, sentindo o coração acelerar. A chegada dela significava muito mais do que uma simples mudança de rotina — era uma nova esperança, uma chance de reconstruir aquilo que a vida havia quebrado. 

E, enquanto o relógio avançava, eu me preparava para o que viria, com todas as dúvidas e expectativas que carregava. 

Voltei a me recostar na cadeira, fechando os olhos por um instante para tentar organizar meus pensamentos. Quando os abri, meu olhar caiu automaticamente sobre a moldura na minha mesa — uma foto de Giulia ainda bebê, nos braços de Helena, sorrindo com a inocência que só as crianças possuem. 

A imagem trazia uma mistura de conforto e dor. Era um lembrete do que perdi e do que ainda lutava para preservar. Minha filha, a única ligação viva com o amor da minha vida, dependia de mim para seguir em frente, para encontrar um pouco de luz em meio a tanta escuridão. 

Meus olhos vagaram até o barzinho no fundo do escritório. A garrafa de uísque reluzia sob a luz fria do ambiente, quase me chamando pelo nome. O impulso de pegar o copo e afogar

as mágoas naquele líquido amargo veio rápido e intenso, como uma onda que ameaça me arrastar para baixo. 

Por um momento, quase cedi, mas então, lembrei das promessas que fiz. A promessa de ser forte por Giulia, de honrar Helena, de tentar mais um dia, mesmo quando tudo parecia perdido. 

Me levantei e vesti o casaco de volta, pronto para a última missão do dia.

Contar a Giulia sobre a chegada da estranha em nossa casa.

O caminho até nossa casa não foi fácil pois ensaiei uma dezena de formas para contar e quando cheguei a encontrei em seu quarto, tentando ler um livro de ursinhos sozinha. A cena partiu meu coração.

Minha filha sentada na cama com o pijama rosa e apenas seu ursinho de companheiro. Me aproximei e seus olhos se iluminaram assim que me viu. 

—  Papai, você chegou!

Giulia soltou o livro e me abraçou se acomodando em meu colo.

—  Como seu dia meu amor? — perguntei encostando a cabeça em seu queixo. 

— Foi legal, a tia Carmen fez bolo.

— Bolo de novo?

Ela moveu a cabeça em concordância.

— Papai precisa te contar uma coisa. Amanhã nós vamos receber uma pessoa nova e especial.

— Especial? — seus olhinhos brilhavam de curiosidade.

— Isso. Uma amiga para passar mais tempo com você e cuidar de você enquanto eu estiver fora.

— Como a tia Carmen?

— Isso, mas ela se chama Isa e vai ser só sua amiga.

Ela pensou um pouco alisando o urso.

— Eu gosto de ter uma amiga, mas e se eu não gostar da Isa?

— Isso não vai acontecer amor, ela também está ansiosa para te conhecer. — Giulia não respondeu, e meu coração latejou. — Pode pensar um pouquinho?

— Posso, só um pouquinho.

— E se eu te contar uma história? — brinquei, beijando sua bochecha e o medo pareceu ir embora.

— Só se for uma história de princesa.

Alcancei o livro na cabeceira.

— Que seja princesa então. 

E enquanto ela ouvia a história sonolenta, minha mente estava longe, pensando na possibilidade de que aquilo desse errado e que todos nós estivéssemos errados. 

O que eu faria se Giulia não aceitasse a nova babá?

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