O verão chegou suave em Santa Aurélia. As manhãs eram mais claras, as tardes cheiravam a flores e uvas maduras, e o solar Ferraz, que um dia fora palco de segredos e lágrimas, agora vivia cheio de risadas, jantares, e o barulho reconfortante da vida acontecendo.
Isabel acordava todos os dias com o som do piano vindo do salão principal. Às vezes era Amélia tocando uma das composições novas, outras era Teresa, que voltara a ensaiar os acordes antigos, redescobrindo o prazer simples de aprender algo novo. O solar tinha se tornado uma casa viva — com cheiro de café fresco, janelas abertas e passos leves.
Gabriel entrava e saía entre reuniões e vinhedos, mas sempre voltava antes do pôr do sol. O trabalho, que antes o definia, agora era apenas parte de quem ele era. O resto era Isabel. Ela, o lar que construíram, e o som constante de uma nova história sendo escrita.
Naquela manhã, Isabel e Amélia caminhavam pelo jardim, colhendo flores para a mesa do almoço.
— Nunca imaginei morar num lugar