Duas semanas haviam se passado desde a noite em que o galpão de Valdívia se transformara em palco do último acerto de contas entre o passado e o presente.
O escândalo envolvendo os antigos cúmplices de Adriano Monteiro ocupava todos os jornais — empresários, políticos, banqueiros. As provas encontradas nos vídeos eram tão contundentes que o país inteiro parecia respirar aliviado por ver, finalmente, as sombras de um império ruírem diante da verdade.
Mas, para Isabel, o alívio vinha em silêncios.
Ela voltara para Santa Aurélia com Gabriel, Teresa e Amélia. O solar Ferraz estava mais vivo do que nunca, as janelas abertas, o som do piano ecoando pelas manhãs. Ainda assim, havia uma melancolia doce no ar — o tipo que vem quando a guerra termina, mas o coração ainda não entende que a paz é real.
Na sala principal, Clara folheava jornais espalhados sobre a mesa.
— A mídia está chamando de “A Queda dos Fantasmas de Valdívia”. — Ela sorriu de canto. — Acho que Adriano teria gostado desse títu