A manhã em Santa Aurélia amanheceu pesada, envolta num silêncio estranho. O céu, cinza e ameaçador, parecia refletir o clima dentro do solar Ferraz. Isabel acordou cedo, ainda com o som da voz de Adriano ecoando na cabeça — as palavras frias, a raiva contida, o veneno disfarçado de saudade.
Na mesa da sala, o gravador repousava entre xícaras de café intocadas e pastas abertas. A confissão de Adriano era clara. Tudo o que ele fizera, tudo o que destruíra — agora estava documentado.
Clara caminhava de um lado a outro, falando com a polícia pelo telefone.
— Sim, temos o áudio completo. Ele admite as fraudes, a manipulação e o atentado. Quero uma equipe na estrada agora. Ele está fugindo em direção a Solândia.
Do outro lado, Gabriel segurava a mão de Isabel.
— Está tremendo.
— Não é medo. — Ela olhou para o gravador. — É… alívio. Finalmente, acabou.
Mas, no fundo, ambos sabiam que Adriano não era o tipo de homem que se deixava capturar com facilidade.
À tarde, as autoridades convocaram um