A tarde em Santa Aurélia parecia tranquila, mas Isabel não conseguia afastar um desconforto que a acompanhava desde o amanhecer. Era como se pressentisse que algo no ar havia mudado, que os muros do solar já não eram suficientes para manter afastadas as ameaças do passado.
Ela caminhava pelos jardins quando viu Gabriel regressar. A carruagem dele parou diante do portão, e a postura rígida denunciava que algo acontecera. Isabel correu para recebê-lo, o coração acelerado.
— Gabriel, está tudo bem? — perguntou, ao vê-lo descer.
Ele demorou a responder, e o silêncio apenas aumentou a inquietação dela. Finalmente, aproximou-se e segurou sua mão.
— Preciso lhe contar algo. Adriano está aqui, em Santa Aurélia.
As palavras atingiram Isabel como um raio. O chão pareceu fugir sob seus pés.
— Ele… aqui? — a voz saiu trêmula.
Gabriel a conduziu até o salão, onde pudessem conversar a sós. Com calma, contou sobre o encontro na estrada, as palavras duras trocadas, a ameaça velada que pairava entre e