O solar Ferraz amanheceu banhado pela luz suave de Santa Aurélia, mas havia uma estranheza no ar. Isabel acordou mais tarde que de costume, e ao descer para o café notou que alguns criados cochichavam entre si. As vozes eram baixas, mas carregadas de uma tensão que não se encaixava na rotina ordenada da casa.
Teresa, sentada à cabeceira, percebeu a filha inquieta e comentou:
— Parece que todos andam nervosos. Talvez apenas boatos que vêm da cidade.
Isabel tentou não dar importância, mas algo no fundo do coração lhe dizia que a paz estava prestes a ser quebrada.
Gabriel, por sua vez, já se encontrava no escritório desde cedo. Papéis espalhavam-se pela mesa, mas seus pensamentos não estavam ali. O encontro com Adriano na estrada ainda ressoava dentro dele. Sabia que aquele homem não era feito de ameaças vazias, e sim de ações perigosas.
Quando Isabel entrou, trazendo uma bandeja com café que ela mesma havia preparado, o ambiente pareceu clarear.
— Resolvi vir pessoalmente — disse, pousa