Capítulo 14

"O silêncio dele doía mais do que qualquer soco, porque era nesse silêncio que moravam todos os monstros que me perseguiam."

Angeline

O carro avançava pela estrada deserta, engolindo o breu da noite. A janela ao meu lado refletia um rosto que eu mal reconhecia: pálido, ferido, com os olhos marejados, mas ainda vivos. Eu ainda respirava, e só isso parecia irritá-lo.

Matteo dirigia em silêncio. A mão firme no volante, a outra batendo de leve sobre o câmbio, num ritmo que denunciava sua impaciência. O terno impecável agora estava desarrumado, a gravata frouxa, mas ele não deixava de exalar poder. Ele não precisava de postura para ser temido; a própria sombra dele já sufocava.

Eu respirei fundo. A coragem não vinha fácil, mas a pergunta me corroía por dentro, queimando como ácido na garganta.

— E Luca? — minha voz saiu mais fraca do que eu gostaria. — Onde está o nosso filho?

O silêncio se quebrou como vidro. O ar no carro ficou mais denso. Eu soube, no mesmo instante, que tinha mex
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