"O silêncio dele doía mais do que qualquer soco, porque era nesse silêncio que moravam todos os monstros que me perseguiam."
Angeline
O carro avançava pela estrada deserta, engolindo o breu da noite. A janela ao meu lado refletia um rosto que eu mal reconhecia: pálido, ferido, com os olhos marejados, mas ainda vivos. Eu ainda respirava, e só isso parecia irritá-lo.
Matteo dirigia em silêncio. A mão firme no volante, a outra batendo de leve sobre o câmbio, num ritmo que denunciava sua impaciência. O terno impecável agora estava desarrumado, a gravata frouxa, mas ele não deixava de exalar poder. Ele não precisava de postura para ser temido; a própria sombra dele já sufocava.
Eu respirei fundo. A coragem não vinha fácil, mas a pergunta me corroía por dentro, queimando como ácido na garganta.
— E Luca? — minha voz saiu mais fraca do que eu gostaria. — Onde está o nosso filho?
O silêncio se quebrou como vidro. O ar no carro ficou mais denso. Eu soube, no mesmo instante, que tinha mex