“O amor que carrego por ela é o mesmo que me apodrece por dentro.”
Matteo
Martina saiu batendo a porta, e o silêncio voltou a reinar no quarto. Tirei o paletó e joguei sobre a poltrona, os dedos ainda latejando de raiva. Mas não era dela que eu estava com ódio. Nunca foi.
Fechei os olhos e vi Angeline. Não a mulher que conheci há anos, com seus cabelos longos e ruivos caindo em ondas, mas a que vi hoje. Diferente. Marcada. Envelhecida pela dor. Ainda mais linda. Ainda mais maldita.
O ódio me corroía porque a saudade ainda estava viva. Eu deveria querer a morte dela, mas, quando a vi novamente, percebi a verdade que tentei enterrar por dez anos: Angeline é a minha maldição.
A lembrança do leilão me perseguiu. Ela em pé, frágil, como se fosse mais uma mercadoria barata. Ridículo. Ninguém tinha o direito de olhar para ela daquela forma. Ninguém tinha o direito de colocar preço no que já era meu.
E esse era o problema. Ela ainda era minha. Sempre seria.
Caminhei até o espelho e enc