“A lealdade não se compra. Se constrói no sangue, no silêncio e no olhar.” Matteo A brisa ainda era fria quando atravessei o pátio da sede. O céu sobre a Calábria tinha aquele tom cinzento de sempre, como se refletisse o que somos por dentro, gente feita de ferro, ódio e memórias pesadas. O segurança abriu a porta do carro antes que eu dissesse qualquer coisa, mas fui interrompido pela voz que conhecia bem. — Don Matteo! — Francesco.Virei devagar, ajeitando o paletó. O garoto, embora já não fosse mais tão garoto, corria em minha direção com a mesma empolgação dos primeiros tempos, quando mal sabia segurar uma arma. — Que foi, moleque? A sede vai explodir? — perguntei com ironia, um canto da boca subindo. Ele riu, meio sem jeito. Os olhos castanhos estavam agitados. Nervosos. Era raro vê-lo assim. Francesco nunca gaguejava, nunca titubeava. Eu o treinei. Eu o moldei. Eu fiz dele um soldado. Quase um filho. — Eu... queria pedir sua bênção. Ergui uma sobrancelha. — Vai virar pa
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