Elara
O grimório parecia pulsar embaixo das minhas mãos.
Era como se tivesse um coração próprio, batendo em sincronia com o meu. O ar ao meu redor ficou denso, elétrico, quase vivo. Eu podia ouvir o murmúrio da floresta — o farfalhar das folhas, o sussurro do vento, o estalar distante de galhos sob passos humanos. E no centro de tudo isso, o livro chamava por mim.
Respirei fundo.
Meus dedos tocaram a capa de couro envelhecido, e o frio que subiu pelos meus braços não era apenas temperatura. Era magia.
A antiga, a esquecida. A que corria nas veias da minha mãe, e que eu, por tanto tempo, temi despertar.
“Confie”, ecoou a voz dela em algum lugar da minha memória.
E eu confiei.
A madeira da mesa rangeu quando o grimório se moveu sozinho, como se uma força invisível o folheasse à procura do destino certo. As páginas se abriram em redemoinho, o ar girando em volta de mim, levantando poeira, folhas e até as brasas das tochas próximas. Tudo pareceu se curvar àquela energia — à minha energ