Mundo de ficçãoIniciar sessãoScarlet sempre acreditou ser apenas uma humana comum... até a noite em que dois lobisomens a marcaram com seus dentes. Kieran, o protetor ferido de olhos dourados, jurou defendê-la. Rafael, o sedutor de sorriso perigoso, prometeu arrancá-la de suas garras. O que nenhum dos dois contou é que o sangue de Scarlet esconde um segredo capaz de destruir a alcateia - e agora, ela é o troféu em uma guerra ancestral. Em um jogo onde o amor é armadilha e a lealdade é ilusão, Scarlet precisará escolher: Se render ao pecado que a consome... Ou se tornar a loba que nenhum deles esperava. Quando a lua cheia revelar a verdadeira traição, apenas uma coisa será certa: nenhum coração sairá inteiro
Ler maisO primeiro urro ecoou tão perto que Scarlet sentiu o calor do bafo na nuca. Correr era inútil humanos não fugiam de lobisomens. Quando caiu de joelhos, viu apenas olhos dourados e dentes afiados... até que ele surgiu das sombras.
Não se mova. Kieran ordenou, puxando-a contra seu corpo. Eles adoram quando você treme. Scarlet não entendia por que aquele lobo a protegia... ...nem que seu sangue já havia condenado os dois." "Quando Kieran a levou para a caverna, Scarlet viu a cicatriz no peito dele idêntica à da mãe que ela enterrara anos atrás. Antes que pudesse perguntar, um novo urro rasgou a noite. Dessa vez, vinha acompanhado de uma voz humana. Scarlet... chamou Rafael, surgindo entre as árvores. — Você realmente acredita que ele te quer por amor? A floresta cheirava a terra molhada e pinho, um aroma que normalmente acalmava Scarlet. Mas naquela noite, o ar estava pesado, carregado de algo que fazia os pelos de seus braços se arrepiarem. A lua, quase cheia, derramava sua luz prateada entre as árvores, criando sombras que se contorciam como criaturas vivas. Ela não deveria estar ali. O aviso de sua avó ecoou em sua mente: Não ande sozinha na floresta quando a lua estiver gorda, menina. É quando eles caçam. Scarlet apertou o casaco de lã contra o corpo, tentando ignorar o frio que lhe percorria a espinha. Estava atrasada — o trabalho na fazenda a prendera até tarde — e agora cada passo seu parecido ecoar como um trovão na quietude noturna. Foi então que ouviu. Um som baixo, quase imperceptível. O farfalhar de folhas sob algo grande. Seu coração disparou. Quem está aí? Sua voz saiu trêmula, mais alta do que pretendia. Silêncio. Depois... um rosnado. Não era um cão. Era mais profundo, mais selvagem Scarlet girou nos calcanhares, pronta para correr, quando seus olhos encontraram os dele. Dois pontos dourados brilhando na escuridão. Não corra. A voz era áspera, um comando que parecia vibrar em seus ossos. Scarlet congelou, a respiração presa na garganta. A figura que emergiu da escuridão era alta muito alta com ombros largos que bloqueavam a luz da lua. Eles gostam do cheiro do medo ele disse, aproximando-se. Quando entrou num raio de luz, Scarlet viu o rosto do homem — não, não era um homem. Suas pupilas eram verticais como as de um felino, os dentes muito afiados quando falou. Você... você é um... Kieran ele cortou seu pensamento, o nome saindo como um rosnado. E você, humana, está a uns bons minutos de se tornar jantar. Scarlet engoliu seco. Ele estava a menos de um metro agora, e ela podia sentir o calor emanando de seu corpo, misturado com o cheiro de floresta e algo mais... metálico. Sangue? Eu só quero ir para casa ela sussurrou. Os olhos dourados estreitaram. Sua casa foi invadida há meia hora Kieran inclinou a cabeça, como se escutasse algo distante. Sua família já se foi. O mundo girou. Isso é mentira! Scarlet avançou, os punhos cerrados, mas Kieran a agarrou pelo braço antes que pudesse acertá-lo. O toque queimou. Literalmente. Agh! Ela tentou puxar o braço, mas sua pele onde ele a tocava agora fumegava levemente, marcada com um padrão estranho, como letras antigas. Kieran soltou-a como se tivesse sido ele o queimado, seus olhos arregalados. Isso é impossível... ele murmurou, olhando para suas próprias mãos, depois para Scarlet. Você é a Ligação. Antes que ela pudesse perguntar o que diabos aquilo significava, um novo som rasgou a noite um uivo longo, agonizante, seguido por risadas. Humanas. Kieran empurrou Scarlet para trás de uma árvore grande, seu corpo encobrindo o dela. Fique quieta ele ordenou, os músculos tensos. Mas era tarde demais. Bem, bem, o que temos aqui? Uma nova voz flutuou no ar, doce como mel e tão falsa quanto. Scarlet espiou por cima do ombro de Kieran e viu ele. Mais alto que Kieran, com cabelos tão escuros que pareciam absorver a luz, e olhos... Deus, seus olhos. Azuis como o céu antes da tempestade, e tão frios quanto. Rafael, Kieran rosnou o nome como uma maldição. O recém-chegado sorriu, mostrando caninos que pareciam ainda mais afiados que os de Kieran. Irmãozinho, escondendo petiscos de mim outra vez? Rafael deu um passo à frente, e Scarlet jurou que o ar em volta dele tremia, como asfalto no calor. Kieran soltou um rosnado que fez o chão tremer. Ela não é comida! Não?! Rafael inclinou a cabeça, estudando Scarlet com uma intensidade que a fez querer se esconder. Então por que você parece pronto a devorá-la? Scarlet sentiu o rosto esquentar, mas antes que pudesse responder, Rafael estalou os dedos. Ah, espere... seus olhos azuis brilharam com reconhecimento. Ela é a Ligação. Kieran avançou, mas Rafael foi mais rápido. Em um movimento borrado, ele estava a centímetros de Scarlet, sua mão fria envolvendo seu pescoço. Que sorte a minha ele sussurrou, seu hálito gelado contra sua orelha. Eu sempre quis ter uma humana de estimação. Scarlet tentou puxar seu pescoço para trás, mas Rafael apertou levemente, não o suficiente para machucar, mas para lembrá-la: Eu posso! Solte-a Kieran estava se transformando, seu corpo contorcido, ossos quebrando e se reformando. Rafael riu. Tarde demais, irmão. A alcateia já sabe. E Valquíria está muito interessada na nossa pequena... ele cutucou a marca na pele de Scarlet, fazendo-a gritar de dor. Ligação. O último coisa que Scarlet viu antes de o mundo escurecer foi Kieran saltando em sua direção, suas garras brilhando sob a lua... e os olhos de Rafael ardendo como fogo azul.A luz do amanhecer entrava suavemente pela janela do quarto de Aether, iluminando a poeira dourada que dançava no ar. Luna e Kael estavam sentados em sua cama, observando o irmão mais velho com expressões sérias. A urgência na mensagem dele para se reunirem antes do nascer do sol era incomum.Aether respirou fundo, suas mãos tremendo levemente. Como explicar o inexplicável?— O que o Observador me mostrou… não era apenas sobre a escuridão, ele começou, sua voz um pouco rouca. Era sobre o pai.Luna inclinou-se para frente, seus olhos azuis, tão parecidos com os de Kieran se arregalando. Kael manteve sua postura firme, mas seus dedos se contraíram sobre os joelhos.— O fio dele… no grande tear da realidade… não se rompeu, Aether continuou, as palavras saindo em um fluxo agora. — Está lá. É apenas um eco, uma memória teimosa… mas está lá. E quando a escuridão do Coração da Serpente se aproxima… ele reage.Kael franziu a testa. Reage como?— Como ele sempre fez, a voz de Aether se f
A luz do entardecer banhava os aposentos da Tríade, ou o que restava dela. Scarlet estava junto à janela aberta, seus olhos perdidos no horizonte onde o sol se despedia das montanhas. O mesmo cenário de paz que ela e Kieran tanto sonharam. Agora, contemplá-lo era um ato de amor e de dor simultâneo.Rafael entrou sem fazer ruído, sua presença um calor familiar no ambiente. Ele parou ao seu lado, seguindo seu olhar e em seguida a abraçou beijando sua testa. Foi quando ele disse:— Aether teve outra visão, sua voz era um fio de som carregado de cansaço. — A escuridão… Ela não se foi Rafael. Está aqui. Entre nós.Ele não se surpreendeu. Suas próprias sombras, que em sua oregem eram ferramentas de guerra, haviam sentido uma inquietação crescente nos últimos meses uma intrusão sutil no tecido da energia ao redor do santuário. Como uma névoa fina e venenosa que se infiltrava por frestas invisíveis.— Eu sei. Sua resposta foi um rosnado baixo, quase um suspiro. — Sinto-a… cheiran
Cinco anos se passaram desde o sacrifício no Círculo de Pedras. O Amanhecer Prateado, um santuário marcado pela guerra, transformou se em um farol de prosperidade e união. As marcas do conflito ainda estavam lá, mas agora entrelaçadas com os vitrais coloridos das novas janelas, os arabescos de ferro forjado nos portões e os jardins exuberantes que floresciam onde antes havia solo arrasado. Aether, o Tecelão de Horizontes Aos vinte e um anos, Aether carregava uma serenidade que transcendia sua idade. Sua conexão com o "grande tear" não apenas retornara, mas se refinara. Já não era uma visão passiva, mas uma compreensão ativa dos fluxos de possibilidade. Ele não previa o futuro; sentia seus contornos, como um marinheiro lê as correntes oceânicas. Sua marca, uma vez um ponto de luz na testa, agora se assemelhava a uma constelação em miniatura, pulsando suavemente quando ele canalizava sua percepção. Ele se tornou o principal conselheiro de Scarlet em assuntos de estratégia e
O Amanhecer Prateado respirava um novo ritmo. Já não era o frenesi da guerra, nem o silêncio pesado do luto imediato, mas um pulsar constante e laborioso de reconstrução. O ar matinal já não trazia o cheiro de cinzas, mas o aroma de pão fresco da cozinha comunitária e o perfume das primeiras ervas da horta replantada.Os dias agora seguiam uma cadência previsível, um luxo após tanto caos. Ao nascer do sol, os guerreiros não se reuniam mais para treinos de batalha, mas para exercícios de construção. Sob a supervisão atenta de Rafael, erguiam-se novas estruturas. Um galpão para armazenamento, uma ampliação do refeitório, casas simples para as famílias que haviam crescido com a chegada de alguns membros do Vale. A força que antes se dedicava a quebrar, agora se dedicava a erguer.Enquanto isso, no campo de treinamento, a natureza dos exercícios mudara. Logan, com sua experiência prática, não ensinava mais apenas emboscadas e golpes letais. Agora, ele treinava patrulhas mistas, com guerre
No reino além do tempo e do espaço, onde a realidade era um pergaminho úmido e o futuro tinta ainda não seca, o Observador pairou sobre o Livro de Possibilidades. A página que narrava o confronto final no Círculo de Pedras agora estava imóvel, as dramáticas manchas de escuridão e os clarões de luz branca fixados em uma cena final e serena.A intervenção que ele havia feito, aquele simples, porém fundamental fortalecimento do tecido da realidade permitiu que o sacrifício de Kieran ocorresse sem desfazer o próprio palco da existência. A narrativa seguiu seu curso. Selenna, uma mancha de tinta pútrida e insistente, foi dissipada. Sua história, uma linha que teimava em se entrelaçar apenas para destruir outras, finalmente foi retirada do grande tear.Mas o Observador não observava o que estava escrito. Seus sentidos cósmicos estavam fixos no que não estava.O fio de Kieran.Não era mais um fio de prata vibrante, tecendo estratégias e laços com precisão matemática. Também não era um
O sol raiava sobre um Amanhecer Prateado diferente. O ar ainda carregava o cheiro de cinzas e terra revolvida, mas agora misturava-se ao aroma de madeira serrada e comida fresca. A vida, teimosa e resiliente, insistia em seguir. Logo cedo, uma reunião foi convocada no salão principal. Pela primeira vez, sentaram-se à mesma mesa representantes do Amanhecer Prateado e do que restava do Vale da Névoa. Do lado de Scarlet, estavam Rafael, Logan, Lys e os Alphas aliados. Do outro, Finn e um conselho de três lobos veteranos de seu povo, seus rostos marcados pela guerra e pela desilusão. A reunião no salão principal seguiu com um silêncio carregado de expectativa. Todos os olhos estavam voltados para Scarlet, que se erguera, suas mãos apoiadas na mesa, não como uma governante, mas como uma pacificadora. — Finn... ela começou, sua voz clara e calma, mas com uma autoridade que nascia da verdade em suas palavras. Sua oferta de aliança é honrosa, e a aceitamos de coração. Mas há uma coisa que
Último capítulo