Adrian
O ar cheirava a ferro e orvalho, e havia uma quietude mórbida no bosque — o tipo de silêncio que antecede a morte.
Elara.
O medo corria sob sua pele como uma brisa elétrica, e o meu corpo inteiro reagia a isso. O elo entre nós vibrava dentro do meu peito, queimando como fogo e gelo ao mesmo tempo. Era dor. Era amor. Era maldição.
Eu ainda estava com as mãos sujas de sangue — não dela, graças aos deuses, mas do homem que a feriu. Do pai dela. Daren.
Fechei os punhos. O som do impacto, o estalo da bofetada, o olhar de horror de Elara — tudo ecoava na minha cabeça. E depois, o que veio de mim… a fera… eu não a contive.
Aquele instante me marcou. Eu o derrubei no chão, senti suas costelas cederem sob minhas garras. Se ela não tivesse gritado meu nome, eu o teria matado.
A lembrança me corroía.
O lobo ainda estava em mim, agitado, rosnando baixo sob a superfície da pele.
Foi quando Cael me chamou. O rosto dele estava tenso, o olhar grave.
— Adrian — chamou, baixo, como quem teme