Mundo de ficçãoIniciar sessãoIsadora cresceu isolada, marcada por uma identidade que a separava de todos ao seu redor. Como uma criança órfã, ela e sua loba mística, Freiren — uma rara loba branca — foram forçadas a viver longe do Clã Lunar, longe dos outros lobos. Desde muito jovem, Isadora foi ensinada a esconder sua verdadeira natureza, temendo que sua conexão com Freiren e sua linhagem especial a tornassem alvo da sociedade dos lobos. Agora, aos 18 anos, ela vive como empregada na mansão do líder do Clã Lunar, Rafael, o alfa que, após anos de dor silenciosa, se revela ser seu companheiro predestinado — mas que a rejeita sem hesitar. Rafael está comprometido com Selene, uma loba com quem mantém um relacionamento há anos, e Isadora, sobrecarregada pela dor do vínculo, é forçada a observar o amor entre eles, enquanto ele a proíbe de buscar sua própria felicidade. Quando Rafael anuncia seu casamento com Selene, um evento grandioso que selará sua união, Isadora se vê à beira do abismo. É nesse momento que Freiren, sua loba, quebra o silêncio e sugere a única saída: fugir. A cerimônia será a distração perfeita, e Isadora finalmente encontrará a oportunidade de se libertar da prisão que é sua vida no Clã Lunar. Mas a fuga não será simples. Com o peso do vínculo e a presença constante do Clã, ela terá que lutar contra suas próprias inseguranças, os perigos da floresta e, talvez, contra si mesma. Em busca de liberdade, Isadora enfrentará o desconhecido, se perguntando até onde ela pode ir para se encontrar e se tornar dona de seu próprio destino.
Ler maisDez anos depois O vento sopra suave no alto das colinas, trazendo consigo o perfume das flores silvestres que cobrem o campo. O céu está limpo, azul como as águas sagradas do lago da Lua, e o sol brilha com generosidade. As crianças correm entre as árvores, gargalhando, e seus risos se misturam ao som distante de tambores em celebração. Hoje é um dia de festa. Hoje celebramos paz. Estou de pé na varanda da mansão, observando os pequenos pés descalços cortarem a relva. Meus filhos, agora com dez anos, crescem com a força da linhagem que carregam no sangue e o brilho da magia ancestral nos olhos. Aurora tem o olhar de Caelum — firme, profundo — mas a sensibilidade da minha linhagem, capaz de sentir a energia do mundo como se fosse um segundo coração. Ela ainda prefere as flores às armas, mas Lis já a treina com feitiços antigos. Sua conexão com a Lua é intensa. Quando ela dança sob o luar, até os espíritos silenciam para assistir. Já Auren... ele é pura chama. Um guerreiro em cada
O silêncio depois da batalha era mais ensurdecedor que o próprio caos da guerra. Meus passos eram lentos enquanto caminhava de volta pela trilha marcada por magia queimada e terra revirada. O cheiro de sangue ainda pairava no ar, misturado ao aroma mais sutil das ervas que Lis deixara atrás de si — sinais da proteção mágica que ela conjurara para manter o campo seguro. Atrás de mim, cambaleante, o feiticeiro seguia preso por correntes encantadas. As runas brilhavam num tom prateado-violeta, selos ancestrais trançados por minha magia com a força de gerações. Ele não dizia uma palavra. O olhar vazio, como se finalmente compreendesse o peso de sua derrota. Ao longe, ouvi os primeiros sons do nosso acampamento. Vozes. Risos abafados. O choro de um bebê que provavelmente havia sido retirado às pressas durante o ataque. O som da vida persistindo, mesmo diante da morte. Respirei fundo. Atravessamos o último trecho de floresta até emergir na clareira onde nossos aliados estavam reuni
A terra parecia pulsar sob meus pés. O cheiro de magia corrompida se espalhava como veneno, encharcando o ar, pressionando contra minha pele como um peso invisível. Eu sentia Freiren se agitar sob minha carne, inquieta, pronta. Meus dedos apertavam com firmeza os cabos das espadas gêmeas, cada uma pulsando com minha energia, respondendo ao chamado do sangue. À minha frente, o campo se abria em um círculo silencioso. Os sons da guerra haviam se distanciado, como se o mundo entendesse que aquele instante exigia respeito. E ali, no centro de tudo, ele me esperava. O feiticeiro. Alto, magro como um galho seco, com olhos tão negros que pareciam fendas no tecido do mundo. Seu manto esvoaçava sem vento. A presença dele curvava o ar ao redor. Havia algo de impossível em sua forma — como se ele pertencesse a outro tempo, ou a nenhum. — Finalmente — ele disse, a voz ressoando como um sussurro dentro do meu crânio. — A herdeira do sangue antigo. A mãe das luas renascidas. Dei um passo
O cheiro de magia corrompida enchia o ar. Denso. Podre. Uma neblina púrpura rastejava pelo campo de batalha como uma serpente viva. Eu a sentia tentar se enroscar nas raízes da minha alma, mas a empurrei de volta com um rugido vindo do meu centro. Meu olhar atravessou o caos até encontrá-lo. Ele. O homem que um dia partilhou comigo o ventre. O mesmo rosto, os mesmos olhos. Mas tão diferentes agora. Eu era lobo. Ele era sombra. Ele me viu também. E sorriu. Aquela curva fria dos lábios, que nunca pertenceu a mim. O sorriso que um irmão não deveria dar ao outro. Ele caminhou entre os corpos, abrindo espaço como se o próprio campo de batalha o temesse. — Caelum. — Sua voz era baixa, mas ressoava nos ossos. — Eu sabia que nos encontraríamos aqui. Parei à sua frente, firme. Os sons da guerra sumiram. Como se o mundo prendesse o fôlego. — Sempre soube que terminaria assim entre nós, irmão. — Ah, você sempre foi bom em prever tragédias, não é? — Ele deu um passo adiante. — Mas nunca
O primeiro clarão no céu não veio de raios naturais — mas de magia. Um estrondo ressoou como se o próprio firmamento estivesse rachando. Um feixe de energia púrpura e escarlate desceu da colina onde os inimigos estavam agrupados, cortando o ar como uma lâmina dos deuses. Era o primeiro ataque. E um aviso. — Escudos agora! — gritou Lis. As bruxas ao nosso lado — as aliadas que atenderam ao chamado de Lis — levantaram as mãos em uníssono. Círculos rúnicos surgiram no ar, formando camadas de luz dourada e prateada. Uma cúpula mágica envolveu a linha de frente do nosso exército momentos antes da explosão atingir. O impacto fez a terra tremer. Eu senti a vibração subir pelas minhas botas, ecoar nos ossos, sacudir os galhos ao nosso redor. Mas a barreira resistiu. As bruxas aliadas, lideradas por uma mulher de olhos de âmbar e cabelos trançados com penas lunares, mantinham as mãos erguidas, os olhos brilhando. Cânticos antigos saíam de suas bocas em uníssono, enquanto uma delas sangra
O som dos cascos ecoava pela terra úmida como um tambor de guerra que se aproximava mais a cada batida. A névoa matinal ainda rastejava sobre o chão, envolvendo as árvores em véus de silêncio. Mas não havia mais paz. Não havia mais tempo. Eu caminhava com os outros, sentindo o peso da armadura sobre meus ombros, ajustada ao meu corpo pela forja de Freiren e encantada com runas traçadas por Lis. Era negra como obsidiana, com detalhes prateados que cintilavam à luz mortiça. Nas costas, as duas espadas cruzadas pulsavam com a minha magia — lâminas que respondiam à fúria que eu carregava no peito. Ao meu lado, Lis caminhava em silêncio, a capa azul prateada esvoaçando atrás dela. Seu diadema com os símbolos da Lua brilhava sobre a testa, e seus olhos estavam tão atentos quanto os de um predador. Ela carregava seu bastão rúnico em uma das mãos e algumas poções presas ao cinto. Sua magia vibrava no ar, tão viva quanto o fogo de uma estrela. Caelum liderava a linha, imponente em sua arma
Último capítulo