Adrian
O amanhecer sempre foi o momento mais cruel para mim.
A luz não perdoa.
Ela mostra o que a noite tentou esconder — as feridas, as ausências, o vazio.
Desde que Elara se fechou dentro da casa, cada raio de sol parecia uma lâmina atravessando meu peito. Eu a sentia. Mesmo à distância, o vínculo entre nós pulsava como uma corrente invisível. Dor. Culpa. Medo. Tudo o que ela sentia, eu sentia também.
Tentei chamá-la, mas ela não respondeu. Pedi a Maeve que me deixasse entrar, e ela apenas repetiu que Elara queria ficar sozinha.
Sozinha...
Mas como alguém que carrega o mesmo coração que eu pode querer solidão?
Andei mas fiquei próximo a casa de Elara como se algo muito forte me prendesse alí. As árvores antigas se erguiam como sombras de ferro, e o chão cheirava a terra molhada. Parei ali, com o corpo curvado, respirando pesado, tentando sufocar a raiva e o desespero que cresciam dentro de mim.
Foi quando ouvi passos leves se aproximando.
O cheiro veio primeiro — o cheiro de lo