Ayra Blake acreditava que viveria ao lado do amor da sua vida quando foi marcada pelo temido Rei Alfa Kael Ashford. Mas, em vez disso, foi rejeitada e humilhada — expulsa de sua alcateia enquanto carregava um segredo em seu ventre. Por anos, ela sumiu do mapa. Agora, Ayra está de volta. Não mais como uma loba qualquer... Mas como Rainha de uma alcateia inimiga. Respeitada. Temida. Imparável. E ao seu lado, um filho com os mesmos olhos do Alfa que a abandonou. Kael terá que escolher: se ajoelhar… ou guerrear.
Leer másAcordei depois de um tempo, estava escuro e pouco frio, provavelmente ainda era madrugada. A casa estava silenciosa, e o calor do corpo pequeno ao meu lado era reconfortante. Lucian dormia profundamente, enroscado no cobertor de peles, uma mãozinha solta sobre meu braço, como se quisesse garantir que eu não sumiria enquanto ele sonhava.Desviei o olhar até a janela. A lua estava alta. O luar entrava em feixes prateados, dançando pelas tábuas do quarto.Eu tinha perdido o sono.Meus pensamentos estavam barulhentos demais.Levantei com cuidado, afastando os cobertores sem acordar Lucian. Vesti o casaco de linho leve e desci descalça, os pés mal tocando as tábuas de madeira. A casa de Aruk era simples, mas acolhedora. Cada detalhe parecia ter sido feito com as próprias mãos. As peles, as cordas trançadas nos móveis, os símbolos de proteção entalhados discretamente nas vigas.A luz da lareira tremia ardente, e ali, sentado na poltrona perto do fogo, estava ele.Dormindo.Ou fingindo que
POV: Aruk Blackwell A noite estava silenciosa, exceto pelas respirações calmas que vinham do quarto no andar superior. Lucian havia adormecido depois de insistir que sua mãe deitasse com ele. Era sempre assim: um pequeno ritual que, apesar dos anos, nunca mudou. A diferença, naquela noite, é que Ayra não voltou para casa. Ela estava ali, sob meu teto, em minha casa… e tão perto de mim quanto o desejo que eu insistia em negar há cinco anos. Encostado na parede de pedra da sala principal, fechei os olhos por um momento. O fogo da lareira crepitava, lançando sombras vivas contra as peles penduradas e as estantes rústicas. Era uma noite comum, e ainda assim, minha pele parecia vibrar só por saber que ela estava ali. Ayra sempre teve esse efeito em mim. Desde o primeiro momento em que a encontramos, sozinha na floresta, com o corpo frágil e arredondado pela gravidez, meu instinto gritou. Não como Alfa, mas como homem. Ela estava quebrada, ferida, e mesmo assim carregava uma força
POV: Ayra Estava observando Aruk e Lucian brincarem no tapete macio feito com pele de urso. Após o jantar na casa do Alfa, Lucian pediu para brincar com o "pai". Mesmo após cinco anos, eu ainda não me acostumei com meu filho chamando outro homem de pai. Meu pequeno nunca conheceu o pai verdadeiro e para ele, Aruk era seu pai. — Está pensando muito hoje, sabia? O Alfa diz me encarando com seus olhos cinzentos. —Consigo ver fumaça saindo de sua cabeça. - ele brinca, me fazendo revirar os olhos. — A mamãe vai virar chaminé? Meu filho perguntou curioso. Seus olhinhos âmbar, tão parecidos com os de Kael. sorri afastando esses pensamentos. Eu não quero pensar nele. Pelo menos não enquanto sinto meu coração disparar no peito ao perceber os olhares avaliadores do Alfa em minha direção. Sorri para o meu filho, tentando disfarçar o aperto no peito que se formava toda vez que ele chamava Aruk de "pai". Era uma palavra simples, mas que carregava tanto peso. Uma palavra que me fazia
POV: Kael O silêncio da floresta era quase reconfortante, se não fosse tão incômodo. A brisa soprava entre as árvores altas e ressecadas, levando com ela o cheiro de terra e lembranças antigas que insistiam em me perseguir. Meus pés descalços tocavam a grama fria, mas eu mal sentia. Havia dias em que eu vagava para longe da vila, alegando patrulhas ou treinamento, apenas para fugir de mim mesmo. Desde que Ayra desapareceu, uma parte minha morreu, embora eu me recuse a admitir isso em voz alta. A rejeição deveria ter sido o ponto final entre nós. Ela escolheu ir embora. Escolheu virar as costas para mim, para nossa alcatéia. Para o nosso vínculo. Mesmo assim, toda vez que fecho os olhos, ainda vejo os dela. Furiosos. Partidos. Mas a vida seguiu. Reina fez questão disso. — Está frio aqui fora. Vai ficar se escondendo de mim o dia todo, Kael? A voz dela cortou meus pensamentos. Reina, envolta em um robe de tecido leve que deixava pouco à imaginação, caminhava em minha direção. Seus
POV: Ayra Desde a ameaça de sermos localizados pela matilha de Kael, Aruk permaneceu em alerta constante. Durante o dia, treinava os mais jovens da alcateia com a paciência de um líder experiente; à tarde, saía com os batedores, vasculhando os arredores em busca de qualquer sinal de aproximação inimiga. Eu estava sentada sobre uma pedra lisa, observando Lucian brincar alegremente com as outras crianças no riacho, quando senti braços fortes me envolverem por trás. Antes que meu corpo reagisse por instinto, o cheiro familiar de menta e chuva invadiu meu olfato, relaxando meus músculos. — Te assustei? A voz rouca de Aruk soou próxima ao meu ouvido, como um sussurro arrastado. Meu coração acelerou por um instante, mas me afastei com calma, disfarçando a agitação com um olhar firme. Ele sorriu de canto, quase provocativo, como se soubesse o efeito que tinha sobre mim. — Até parece. Senti sua presença de longe. Respondi, voltando minha atenção a Lucian. Aruk riu baixo, diverti
POV: Kael Cinco anos. Cinco malditos anos. E ainda assim, meu lobo não se cala. Ele uiva nas noites de lua cheia. Lembra o perfume que já não sente, o calor de uma presença que o tempo não conseguiu apagar. Ayra está morta. É o que todos dizem. É o que repito. Mas, mesmo assim… estou aqui. No extremo norte da floresta. No território dos renegados. — Aqui foi o último ponto de atividade incomum. Informou Eros, meu batedor mais experiente. — Pegadas. Rastros de acampamento. Mas desaparecem antes do rio. Como se tivessem sido apagados... de propósito. Aproximei-me de uma árvore grossa, arranhando a casca com as unhas. A fera dentro de mim se agitava, inquieta, desconfiada. Algo estava errado. Ou prestes a acontecer. A floresta sussurrava. Mas se recusava a contar seus segredos. — Os renegados têm se movido diferente ultimamente. Eros continuou. — Há boatos de uma alcateia nas sombras. Discreta. Extremamente bem treinada. E comandada por... — Por quem? — Um Alfa. Aruk.
Último capítulo