Elara
O vento da noite arranhava as paredes da casa como garras de fera. Eu estava sentada à mesa, as mãos ainda cobertas de farinha, quando senti.
Não foi dor. Não foi apenas medo.
Foi algo mais profundo, mais íntimo.
Um chamado.
Um grito mudo, atravessando carne, osso e distância até se cravar dentro de mim como fogo líquido.
Adrian.
Meu coração perdeu o compasso, e por um instante a cozinha girou ao meu redor. Apoiei-me na mesa, ofegante, enquanto aquela sensação me atravessava com uma violência impossível de explicar. Não era apenas um pressentimento. Era como se o sangue em minhas veias tivesse ouvido a voz dele.
Fechei os olhos, tentando controlar a respiração. O cheiro do pão recém-assado ainda enchia o ar, mas já não havia conforto no aroma. Apenas o peso da certeza: ele estava em perigo. Ou em fúria. Talvez ambos. E se algo tivesse acontecendo com ele? Como posso ajudá-lo? Eu não poderei ir em seu auxílio como ele veio por mim? Algo está acontecendo com ele, eu sei que est