Elara
O silêncio depois da tempestade é sempre pior.
Meu pai fechara a porta com força, e a casa mergulhara em uma quietude sufocante. Os estalos da madeira, o sopro do vento pelas frestas da janela e até o tique-taque suave do relógio na parede se tornaram sons ensurdecedores. Como se o próprio mundo tivesse parado para me lembrar da prisão em que eu vivia.
Subi as escadas devagar, cada degrau rangendo sob meus pés como uma denúncia. O coração ainda batia descompassado, os ecos da voz dele reverberando dentro de mim: “Não se esqueça, menina…farei tudo o que for preciso para te proteger, nem que eu tenha que te trancar em casa.”
Essas palavras me perseguiam como correntes invisíveis, mas, por mais que ele as tivesse cravado na minha pele como ferro em brasa, havia algo dentro de mim que queimava mais forte.
Adrian.
Entrei no meu quarto e tranquei a porta, como se a madeira fina pudesse me proteger de algo maior — do meu pai, da vila, de mim mesma. Encostei a testa contra a madeira e f