Adrian
A chama bruxuleante da lamparina tremia com o vento que serpenteava pelas frestas da biblioteca ancestral. As paredes de pedra estavam cobertas de musgo antigo, e o cheiro de pergaminho queimado, misturado a ferro e poeira, se agarrava às narinas de Adrian como um juramento silencioso.
Ele jamais deveria estar ali.
A sala dos anciões era território proibido, selada por gerações para proteger os segredos da alcateia — segredos que, agora, pesavam sobre ele como grilhões.
E, no centro da mesa de carvalho, repousava o objeto de sua busca: o Livro Negro.
Um tomo imenso, de capa rachada, onde símbolos esquecidos pulsavam como cicatrizes vivas. O couro era escuro demais para ser apenas couro animal; parecia ter sido arrancado de algo que respirava, que existia para além do que a mente humana ou lupina era capaz de conceber.
Adrian passou a mão sobre a superfície, e o toque foi como mergulhar em água gelada. O livro vibrou em resposta, reconhecendo a ousadia de quem ousava perturbá-l