(POV Ronan)
O silêncio da manhã era grosso como a névoa que se agarrava às paredes da fenda.
As paredes respiravam umidade. Cada gota que caía do teto ecoava como se fosse um relógio marcando o tempo, lento e implacável. O fogo que restava no centro já não passava de brasas tímidas, cuspindo estalos ocasionais. Selene observava em silêncio, os olhos dourados varrendo cada um de nós. Dorian estava sério, ereto como muralha; Hale se mexia pouco, mas o olhar dele era alerta, quase um aviso para que ela não insistisse; Drave parecia inquieto, como se a fenda fosse prisão; Caelan, imóvel como pedra, sorria de canto como quem gosta de assistir ao desconforto. E eu… eu sentia que aquele silêncio pesava mais do que qualquer grito de guerra que já enfrentei.
O fogo não passava de brasas tímidas, cuspindo faíscas que morriam antes de tocar o chão. O ar cheirava a pedra molhada, suor e ferro oxidado — sempre ferro, como se até a rocha tivesse memória de sangue.
Selene quebrou o silêncio com uma