(POV Ronan Blackwood)
O vento do Norte tem um som próprio.
Não é brisa, é lâmina.
Corta o ar, arranca o calor e deixa só o instinto — o mesmo que sempre me guiou.
Quando o Eclipse caiu sobre o campo, eu soube que a hora tinha chegado.
O sangue congelava nas veias, mas a alma queimava.
Anos de fuga, de exílio, de promessas sussurradas às estrelas — tudo convergia ali.
A Lua chamava, e eu a ouvi.
Dorian ainda gritava ordens atrás de mim.
Selene brilhava no centro do caos, viva como um cometa.
Elias, o caçador amaldiçoado, lutava contra os próprios demônios.
Mas eu…
eu só via os homens com o símbolo da Ordem avançando sobre os lobos do Norte.
Homens que usavam o mesmo brasão dos que mataram meu pai, queimaram minha aldeia e chamaram o meu povo de feras.
Pisei no chão encharcado de sangue e ergui a lança.
O metal vibrava com o toque da Lua — uma arma feita para um só propósito: vingar.
— Pelo Norte! — rugi.
A voz ecoou pelas montanhas, seguida de um uivo coletivo.
Meus irmãos responderam.