(POV Elias Drave)
O céu não era mais azul.
Era um abismo vermelho, e nele o sol morria devagar, engolido pela Lua.
O Eclipse havia começado, e com ele, o fim daquilo que eu acreditava ser verdade.
O campo de batalha era um pesadelo vivo.
Corpos caíam, lobos e caçadores se misturavam, sangue virava barro.
Mas eu não via nada disso com clareza.
Tudo o que via era ela —
Selene, no centro do caos, envolta em luz e sombra, lutando como se a Lua tivesse tomado forma de carne.
Por um instante, lembrei de quando recebi minha primeira missão na Ordem.
Eu era só um garoto.
O mestre me disse: “O sangue da Lua é praga. Se o encontrares, destrói.”
E por anos, obedeci.
Matei sem questionar, acreditei que limpava o mundo.
Mas agora, vendo-a ali — viva, divina e terrível —, percebi a ironia.
Eu havia sido criado para destruir o que agora me mantinha vivo.
O selo no meu peito pulsava no mesmo ritmo que o dela, mesmo à distância.
Quando ela respirava, eu sentia.
Quando sangrava, o gosto do sangue ardia