Ela foi leiloada. Ele a comprou… para salvá-la ou condená-la? Celina Meireles sobreviveu a uma infância marcada pela perda e pelas cicatrizes que nunca se fecharam. Agora, detetive em uma cidade onde segredos caminham sob a pele, e a justiça não é tão certa, ela não esperava se tornar a próxima vítima — e muito menos o prêmio de um leilão sombrio. Dante é mais do que aparenta, sob a fachada de um detetive humano, ele é um Alfa em seu mundo. Movido por um passado que ninguém ousa mencionar, ele quebra todas as regras ao intervir por uma humana. Mas há coisas que nem mesmo o instinto pode prever… E laços que, uma vez formados, talvez não tenham forças para quebrar. livros da série Destinada: - Destinada Ao Rejeitado. - Escrava Pela Aposta do Genuíno Alfa.
Ler maisCordilheira Sredinny, Rússia.
Território Markab, ocupado pela única matilha, entre todos os licantropos do mundo, formada unicamente por lycans idosos, com exceção de seu Alfa. Há mais de trezentos anos não se tem o nascimento de uma nova geração. E tudo isso por culpa de um único macho: Dante.
O lycan que, nesse exato momento, permanece sentado em sua cadeira, na cabeceira da grande mesa retangular de reunião do salão de sua casa. Enquanto alguns dos mais velhos o encaram como se ele fosse uma falha genética que se recusa a seguir o instinto básico de sobrevivência dos licantropos –acasalar, gerar proles fortes–, agindo pior do que um fêmea de luto por um companheiro que morreu apenas alguns dias atrás.
Para eles, Alfa Dante sobreviveu à perda de sua destinada, mas se recusa a continuar, os condenando para sempre a desaparecem enquanto todas as outras se perpetuam com as novas gerações.
Ultrajante.
— Entre todos os sete Alfas, você é o único sem herdeiros! — Acusa mais uma vez o primeiro beta, Galak, indignado.
— Já se passaram trezentos anos, Alfa... — uma das Lunaes lamenta, seus olhos marejados. — Cada inverno leva mais um de nós, já não temos mais do que um punhados de velhos na matilha... desse jeito iremos...
A fêmea se cala, vencida pela dor. Ela lança um olhar dolorido para os lobos idosos ao redor da mesa, antes tão jovens e numerosos, agora quase em extinção, curvados pela idade e pela dor na coluna.
A sala mergulha em silêncio. Não o tipo de silêncio respeitoso, mas o tipo que pesa nos ombros como uma condenação.
Visitaria a alcateia com menos frequência — Dante decide, seus tímpanos doendo com as reclamações que vem escutando desde o momento que havia pisado em seu território, na noite anterior, com as exigências e acusações cada vez mais diretas e desrespeitosas dos seus subordinados.
— Enviaremos convites para as fêmeas solteiras das outras matilhas! — O segundo beta da matilha, Galen, sugere. — Nosso Alfa é bonito, ainda é considerado um bom partido, elas duelarão para conseguir ser escolhida, será um honra ser a nossa Velut Luna!
Dante ergue o queixo, mas não responde. Seus olhos –negros, imponentes– estão firmes, mas não focados em nenhum membro ao seu redor, como se a presença deles fosse irrelevante. E o simples ato de se manter o silêncio diante a proposta do segundo beta faz os outros rosnarem em reprovação.
— Para quê duelo quando já temos uma candidata? — O primeiro beta, quebra o silêncio. — No momento que o Alfa autorizar, e se emparelhar com a filha do Alfa Nicolas, poderemos unir nossas matilhas e ficar numerosos novamente.
Dante começa a dedilhar o braço de sua cabeira, seus olhos fixos em nenhum ponto específico. Cansado da mesma conversa. Do lado de fora, o vento noturno uiva entre as montanhas congeladas da cordilheira, cobrindo o território com uma nevasca constante. As tocas feitas de pedras escuras e madeiras de pinheiro, resistem firmes em meio ao deserto branco. Ali, onde os ventos nunca cessam e o silêncio pesa como gelo sobre os ombros, sua alcateia resiste há séculos
Mas, por quanto tempo ainda?
— Alfa, sua matilha está morrendo...
Dante rosna.
— Vocês estão com fome? — Dante indaga, seu olhar recaindo sobre a Lunae que se encolhe em sua cadeira e por debaixo da mesa aperta a mão de seu companheiro. — Falta peles sobre as camas em suas tocas? Roupas para suas formas humanas?
— Não estamos falando di...
— Desde que assumi essa alcateia, nunca deixei que faltasse nada a nenhum de vocês! — Dante rosna, fazendo-os se encolherem. — Dei a cada um abrigo digno, alimento farto, conforto...
— Mas falta vida! — Explode uma das fêmeas com os cabelos completamente brancos, com lágrimas escorrendo pelos sulcos de seu rosto enrugado.
Ela está cansada, farta. A voz dela treme de dor. A dor de um ventre que nunca gerou, e que por conta da idade avançada, nunca gerará. Pois, quando uma matilha fica muito tempo sem uma Velut Luna –companheira do Alfa–, o ventre das Lunaes fica férteis, e com isso, seus companheiros duelam entre si e o mais forte duela contra o Alfa. Se sair como vitorioso, o campeão e sua companheira passam pelo ritual de morte-renascimento, se sobreviverem ao ritual, se tornam o novo Alfa e Velut Luna da alcateia podendo agora gerarem as novas gerações e dando fim ao cio das demais Lunaes.
Mas para as Lunaes dessa matilha, esse caminho é impossível. Ninguém ali tem mais idade para seguir, só os restam pressionarem o alfa e rezarem a deusa da lua para que o líder tome consciência e faça o que é certo.
— Sem filhotes, estamos definhando — prossegue outra. — Não é a fome ou o frio que está nos matando, Alfa. É o esquecimento, não temos ninguém a quem repassar nossos conhecimentos.
— É sua obrigação gerar descendentes! — O primeiro beta volta pronunciar. — Outras alcateias estão cheias de filhotes! E nós? Estamos desaparecendo!
O olhar de Dante fica ainda mais duros, as palavras o acertando como socos. A imagens de trezentos anos atras volta me sua mente.
Seus filhotes.
Sua primeira ninhada.
Ele falhou.
Não os protegeu, nem aos seus filhotes, nem a sua companheira...
— Você passa mais tempo no mundo humano do que aqui! — Acusa um ômega, a voz amargurada, arrancando-o de suas lembranças dolorosas. — Foge de nós e quando volta fica ainda menos tempo, sei que chegará o tempo que nem virá mais aqui, afinal, já terá enterrado o ultimo desses velhos.
— Exatamente! — o primeiro beta concorda. — Aceite o acordo que consegui com o Alfa Nicolas, faça o que deve ser feito, honre a matilha que foi de seus pais, Alfa Dante, e garanta o nosso futuro!
— Seus velhos...
Mas antes que termine, o celular vibra no bolso do alfa. O toque alto rasga o silêncio. Dante puxa o aparelho do bolso de sua calça, ao ver o nome de Olga ele se levanta da cadeira.
— É a sua chefe, Alfa? — O primeiro beta questiona, a zombaria nítida em seu tom, Dante rosna, então projeta sua dominância sobre o velho que se curva sobre a mesa com o peso. — Perdão, perdão Alfa — ele murmura, com dificuldade, os olhos ardendo com as lágrimas.
— Voltem para as casas de vocês.
Dante ordena e se retira da sala.
— Galak, você está bem? — A companheira do primeiro beta acaricia suas costas. Ele rosna, furioso.
— Desse jeito, ele irá nos levar para o túmulo — a fêmea lamenta, os olhos fixos na porta por onde o Alfa da matilha saí.
— Não irei permitir — Galak diz com firmeza, os planos se arquitetando em sua mente.
— O que tem em mente, Primeiro Beta? — Questiona o segundo beta, com um olhar desconfiado.
Galak não responde, apenas se levanta e sai da casa do Alfa, sendo seguido pelos demais, cada um indo para a própria casa.
Dante, entra em sua toca e fecha a porta com um empurrão do ombro. A chamada tocando pela terceira vez, ele finalmente atende.
— Sim? — diz, a voz grave.
— Preciso urgente de você — a voz firme do outro lado é inconfundível, deixando o lycan instantaneamente em alerta.
Celina não consegue obter nenhum informação de Kaito sobre o que Dante havia feito com ela. No dia seguinte, mas calma, Celina conversa com Kaito e ele conta a ela verdade sobre si mesmo: 1 – ele é órfão. 2 – foi encontrado e adotado por Dante. – 3 – nunca conheceu o pai, mas sabe que fugiram.Celina é levada para a casa que Dante comprou mesmo a contragosto, ela volta para a delegacia e eles vão numa missão, ela tenta puxar conversa mais Dante é invasivo e as vezes só a ignora mesmo. Eles estão disfarçado, mas os caras no cassino tentam forçar as coisas com Celina ( ela está disfarçada de garçonete), Dante não gosta e arruma briga, tiros começam a ser disparado e ele usa o próprio corpo para protege-la. Ela se sente culpa e questiona porque ele fez isso, ele responde que é o dever no homem proteger sua parceira e sorrir.Dante se recusa a ir ao hospital e Celina o leva para casa. Lá ele se tranca no quarto com Kaito e finge gritar, para dizer que está sentindo dor.Celina não vai embo
O aroma suave de comida quente invade o quarto antes mesmo que Celina consiga abrir os olhos. É como se um fio invisível a puxasse de volta à consciência. As pálpebras pesadas protestam contra a luz que atravessa a pele, mas, lentamente, ela força um estreito feixe de visão.Tenta se erguer.O movimento é um erro.Uma onda de tontura atinge sua cabeça como um golpe súbito, fazendo suas vistas se embasarem até que tudo se torne borrões indecifráveis. Ela inspira fundo, prendendo o ar nos pulmões para não ceder à sensação de que vai desmaiar de novo.— Melhor continuar deitada por mais algum tempo — a voz de Kaito ecoa no cômodo.Ela vira o rosto na direção dele, as pálpebras pesadas demais para reagirem com rapidez, leva ainda alguns segundos para que as formas se tornem nítidas. O rapaz está sentado na beira da cama, a expressão calma demais para o incômodo que ela sente.— Eu… não morri — murmura, a voz áspera, arranhando por dentro.— Não, você não morreu — ele confirma, colocando um
— Não. Vou. Ceder — Dante rosnar, finalmente terminando de retalhar as marcas dos laços do destino em seus pescoços, rompendo de uma vez o que os une.A dor vem como lâminas em brasa cortando a carne e o espírito ao mesmo tempo, subindo pela espinha, rasgando cada nervo, cada músculo. Não é só física. É como se alguém estivesse arrancando um pedaço dele com as próprias mãos. O peito arde, o coração luta para bater, e o ar não entra direito nos pulmões.ele sente cada pedaço da ligação se partindo, como tecido sendo rasgado à força. Um grito horripilante rasga a garganta de Dante, Celina tem pequenos espasmos, quase imperceptíveis por causa do Adormecida que a deixa em coma profundo, desligando quase que completamente o seu corpo.Dante cai de joelhos no chão, o som dos ossos contra o piso ecoando com o som do ultimo martelo, selando a sentença.O lobo uiva dentro dele, um som mental que ressoa como agonia pura. Ele olha para Celina, onde permanece inconsciente sobre a cama, os gritos d
— Filho próximo da deusa da lua — a voz de Dante sai rouca, carregada de dor e autoridade, mas também imbuída de uma tristeza que ele não consegue esconder. — Eu, Dante Campbell, Alfa do território Markab, renuncio ao vínculo que me une a esta humana.As palavras soam como um feitiço quebrado, uma sentença dada, mas o ar ao redor deles parece se comprimir. Ele sente como se cada palavra fosse um peso crescente, um fardo sobre seus ombros, arrastando sua alma para um abismo do qual ele já não tem certeza se conseguirá sair. O ar fica mais denso, pesado como chumbo, e parece que a própria atmosfera se transforma, se contrai. A marca no pescoço de Celina, a ligação visível que os une, pulsa de forma quase visível sob as garras de Dante. Como se reagisse às suas palavras, como se estivesse viva, sentindo o impacto do que ele acabara de dizer.Dante, porém, não se move. Ele a encara, a força de seu olhar contradizendo a vulnerabilidade que ele sente por dentro. O lobo, o animal dentro dele,
Dante observa a mulher escolhida pela deusa da lua se perder na névoa de seus próprios pensamentos, sem poder fazer nada. O silêncio na cama entre eles é pesado e opressor. Ela, sua companheira destinada, está ali, tão vulnerável, sem saber de tudo o que está por vir. Desde que a viu pela primeira vez, ela sempre se mostrou forte, com uma coragem que ele não imaginava encontrar em uma humana. Digna. Perfeita. Se não fosse humana, ela teria sido uma Velut Luna impecável. Ele fecha os olhos por um momento, o peso da realidade esmaga sua mente. Ele queria não a ter conhecido, não ter sido tão vulnerável a ela. Mas o destino resolve tirar com a cara dele e mostrar que é sim possível dar mais sofrimento a um ser que não deveria sentir mais nada. — Eu teria que te rejeitar de qualquer forma — ele diz em voz baixa, como se ela pudesse ouvi-lo, como se suas palavras pudessem atingir a consciência dela mesmo no sono profundo. Nada iria alterar essa realidade, ainda mais se ele não tivesse
O som do chuveiro cessa, deixando o ambiente em um silêncio abafado, preenchido apenas pelo som distante de carros passando na rua e o tique-taque discreto do relógio de parede. Minutos depois, a porta do banheiro se abre com um rangido suave. Celina surge no quarto desajeitadamente prendendo seus cabelos no rabo de cavalo alto, alguns fios rebeldes escapam, caindo soltos por seu rosto. A pele brilha com o calor do banho recente, o rosto corado, e o uniforme azul da delegacia está apenas parcialmente abotoadoEla mal dá dois passos para dentro do quarto quando Dante se aproxima com passos silenciosos. Não há palavras, não há um aviso prévio. Apenas ação.Ele a envolve em um abraço apertado, o corpo grande, quente e sólido como uma muralha de proteção. O calor dele a engole por completo, e por um instante ela se sente pequena dentro daquele abraço. Pequena... e estranhamente vulnerável.— Ei… — ela diz, surpresa, a voz baixa, quase um riso nervoso, mas não tenta se afastar. As mãos dela
Último capítulo