Erin passou sua vida acreditando ser uma humana comum, até que a verdade veio à tona: ela era a filha perdida de um alfa, roubada ao nascer e criada longe de sua verdadeira alcateia. Agora, como mãe de gêmeos, sua única certeza é que precisa protegê-los de um mundo que mal se compreende. Enquanto Erin luta para se adaptar à sua nova realidade, Lucian, o poderoso Rei Alfa, carrega o peso de um reino e a dor da perda. Ele nunca imaginou que o destino o levaria de volta ao passado que tentou esquecer—ou que seu caminho se cruzaria com uma mulher que mudaria tudo.
Leer másO bar estava lotado como sempre. Erin deslizava entre as mesas, equilibrando bandejas cheias de cerveja, ouvindo as risadas roucas e os comentários sussurrados dos clientes. O cheiro de álcool, fumaça e algo mais — algo selvagem — impregnava o ar. Ela se acostumara com isso. Trabalhar em um bar de lobisomens não era para qualquer um, mas Erin não conhecia outro lar.
Então, ela sentiu. O olhar. Forte, intenso, queimando sua pele como fogo. Ela se virou, o coração batendo rápido. Encostado no balcão, um homem a observava com uma atenção que a deixou sem ar. Ele era alto, de ombros largos, a sombra da barba marcando seu maxilar. O cabelo escuro caía de forma rebelde sobre sua testa, e seus olhos dourados pareciam brilhantes demais sob as luzes fracas do bar. Um uísque repousava em sua mão, intocado. Mas ele só olhava para ela. Erin tentou ignorar. Continuou atendendo, rindo de piadas sem graça, desviando de clientes embriagados. Mas sempre que olhava para o balcão, lá estava ele. Na terceira vez, sua paciência se esgotou. Ela largou a bandeja no balcão e caminhou até ele, cruzando os braços. — Você pretende ficar me encarando a noite toda ou vai dizer alguma coisa? O canto de sua boca se ergueu em um meio sorriso. — Eu estava esperando você vir até mim. A voz dele era profunda, rouca, como um eco de algo que ela não sabia nomear. — É mesmo? — Ela arqueou uma sobrancelha. — Você faz isso sempre? Ele inclinou a cabeça, os olhos brilhando de um jeito perigoso. — Não. O silêncio se estendeu entre eles. Erin sentiu o peito subir e descer rápido, e o estranho a observava como se soubesse exatamente o efeito que tinha sobre ela. — Como você se chama? — ela perguntou, antes que pudesse se impedir. Ele hesitou. — Lucian. Erin franziu a testa. — Só Lucian? Ele sorriu, mas não respondeu. — Você quer dançar? — perguntou ele, mudando de assunto. Ela piscou. — Eu estou trabalhando. — E eu sou um cliente. Se aceitar um convite para dançar comigo, pode ser considerado bom atendimento. Erin soltou um riso incrédulo. — Esse é seu argumento? — Funcionou? Ela deveria ter dito não. Deveria ter se afastado. Mas em vez disso, estendeu a mão. Lucian a puxou para perto, o calor do corpo dele envolvendo-a. A música desapareceu, as conversas sumiram. Só existiam os dois, seus corpos se movendo juntos no ritmo lento da batida. — Você trabalha aqui há muito tempo? — ele perguntou, a boca próxima ao ouvido dela. — Desde os dezoito. — E antes disso? Ela engoliu seco. — Não tem antes disso. Ele se afastou ligeiramente para olhar para ela. — Isso quer dizer que você não tem um passado? Ela riu sem humor. — Quer dizer que eu cresci sem um. Lucian ficou em silêncio por um momento. Então, deslizou a mão para a curva da cintura dela, puxando-a ainda mais para si. — Eu entendo. Erin sentiu um arrepio na espinha. — Entende? — Mais do que você imagina. O jeito como ele disse isso… Erin não sabia por que, mas sentiu que era verdade. Então veio o beijo. Ela não soube quem começou, mas de repente a boca dele estava sobre a dela, quente, urgente. Lucian segurou sua nuca, aprofundando o beijo, e ela se entregou. O resto da noite foi um borrão de sensações. Erin sentiu-se viva como nunca antes. O cheiro dele era uma mistura de madeira e tempestade, algo puro e bruto. O caminho até o pequeno apartamento dela foi rápido. E quando Lucian a deitou na cama, seu olhar dourado queimando sobre ela, Erin soube que não havia volta. Ele a tocou com reverência, como se cada parte dela fosse preciosa. Quando a penetrou, foi com paciência e intensidade, sussurrando seu nome contra sua pele. — Erin… Ela cravou as unhas em suas costas, arqueando o corpo ao encontro dele. Nunca havia sentido nada parecido, uma mistura de dor e prazer que a fazia perder o ar. Lucian beijou cada lágrima silenciosa que deslizou pelo rosto dela, segurou-a com firmeza e a levou para um lugar onde nada mais existia além dos dois. E quando a lua atingiu seu ápice no céu, Erin soube que nada jamais seria o mesmo.Um mês havia se passado desde o ataque brutal à Matilha da Lua Escarlate. As cicatrizes ainda marcavam os corações de todos, mas, aos poucos, a vida retomava seu ritmo. Selena permanecia na alcatéia durante todo esse tempo, recusando-se a deixar o lado da mãe, cuja presença adormecida ainda ocupava o quarto no andar superior da casa da alcatéia.Na manhã daquele dia, o aroma de café fresco preenchia a cozinha. Isla estava sentada à mesa com Kael e sua pequena família — Luke, Lucy e a doce Nara, que agora fazia parte deles. A garotinha, de cabelos castanhos e olhos grandes, se sentava ao lado de Lucy, tímida mas sorridente, ajudando a passar geleia em um pão com os dedos ainda desajeitados.— Está uma delícia, tia Isla — disse ela, ainda se acostumando a chamá-la assim.Isla sorriu, o coração aquecido.— Que bom que gostou, querida. Mas agora sou mais que sua tia... sou sua mãe, lembra?Nara corou e assentiu, escondendo o rosto no ombro de
Três dias haviam se passado desde o ataque à Matilha da Lua Escarlate, e o cenário ainda era de dor e incertezas. Os corpos dos renegados haviam sido queimados, mas ninguém sabia quem os comandava. A ameaça permanecia invisível, pairando como uma sombra silenciosa sobre todos.Luna Helena continuava desacordada na enfermaria, e seu estado delicado mantinha Selena em constante vigília. Ela recusava-se a sair do lado da mãe, seus olhos inchados pelo cansaço e pelas lágrimas silenciosas.Lucian, preocupado com a segurança e bem-estar da família, retornou à Matilha Real apenas para buscar as crianças. Sentia que, com tudo o que estava acontecendo, era melhor tê-las por perto — mais seguros, mais próximos, mais unidos. Luke e Lucy foram recebidos com carinho pela antiga babá, uma ômega bondosa que havia cuidado deles quando ainda eram recém-nascidos, nos tempos tranquilos da Lua Escarlate. Apesar da dor que pairava sobre todos, ela se emocionou ao rever os pequenos, cui
O dia seguinte à reunião emergencial com o Conselho dos Anciãos nasceu com uma estranha tensão no ar. O sol ainda não havia surgido por completo quando o caos tomou a Matilha da Lua Escarlate.Gritos. Cheiro de sangue. Corpos tombando um a um na fronteira.Renegados em grande número cruzaram os limites do território, destruindo parte das defesas e abatendo os guerreiros da patrulha noturna. A destruição foi rápida e brutal. Casas foram quebradas, crianças precisaram ser escondidas, e mesmo com os esforços desesperados dos defensores, parte do território foi invadida.Luna Helena, a matriarca, lutava para proteger um grupo de filhotes escondidos perto da floresta quando foi surpreendida por três renegados. Ela lutou com bravura e feriu dois deles, mas sofreu ataques profundos antes que reforços chegassem. Ela caiu desacordada nos braços da filha Isla, que havia chegado com Kael logo após o ataque.Enquanto isso, no Palácio Real…Selena despertou de um pesadelo ofegante, com os olhos ma
O som dos pneus sobre a estrada de pedra ecoava suavemente enquanto o carro preto se aproximava do palácio da Matilha real. Depois de dias intensos na Alcateia da Rocha do Norte, Lucian e Selena suspiraram aliviados ao verem os portões principais. O ambiente familiar trazia certo conforto, mesmo que a tensão do que haviam vivido ainda pairasse entre eles. Assim que o carro atravessou os portões de ferro, Celeste e Rylan estavam lá para recebê-los. Antes que o veículo estacionasse por completo, Lucy e Luke saíram correndo pela entrada do palácio. — Mamãe! Papai! — gritaram em uníssono, se lançando nos braços dos pais assim que desceram do carro. Selena se abaixou e os envolveu num abraço apertado, beijando os cabelos de ambos. — Estava com tantas saudades de vocês... Lucian se agachou ao lado, passando os braços ao redor dos filhos. — Fomos fortes, mas não foi fácil longe de vocês. Foram bons com a tia Celeste? — Fomos! Mas o tio Rylan não deixou a gente comer mais de dua
O céu ainda estava encoberto quando Lucian e Selena se despediram do Alfa Darius da Alcateia da Rocha do Norte. A cerimônia em homenagem à Luna caída ainda pairava no ar como um véu de luto e incerteza. Apesar do ataque ter sido contido na noite anterior, a tensão permanecia. Selena sentia os instintos agitados, como se uma nova ameaça estivesse sempre à espreita.Ao voltarem para os alojamentos cedidos pelo Alfa, Lucian chamou uma reunião com os guerreiros que os acompanharam.— Vamos reforçar as patrulhas até o limite do território. Quero homens nas fronteiras, com turnos revezados a cada quatro horas. — Lucian encarou seu braço direito, o guerreiro Thorne, com seriedade. — Qualquer movimentação incomum deve ser relatada imediatamente.— Sim, Majestade — respondeu Thorne com firmeza, já se preparando para repassar as ordens.Selena, ao lado de Lucian, observava o movimento com atenção. Assim que o grupo se dispersou, ela tocou o braço do companheiro.— Você sentiu? — murmurou. — Alg
A noite caía sobre a Alcatéia da Rocha do Norte, mas o silêncio que geralmente trazia descanso agora carregava tensão. Desde o ataque que ceifara a vida da Luna Mirella, todos os membros da alcatéia dormiam com um olho aberto, esperando o inesperado. Lucian e Selena haviam decidido permanecer mais um dia para oferecer apoio e avaliar pessoalmente as defesas do local.O casal real estava hospedado na antiga casa do Alfa, agora silenciosa demais sem a presença da Luna. Selena, ao caminhar pelo quarto que uma vez abrigou uma família unida, sentiu um aperto no coração. A perda era recente e dolorosa, e a mensagem deixada pelos renegados — "estamos chegando" — ecoava nos pensamentos de todos.— Precisamos reforçar a segurança não só aqui, mas em todo o território da alcatéia — comentou Lucian, olhando mapas e plantas do território no escritório improvisado do Alfa. — Esses ataques estão ficando mais ousados.Selena se aproximou, apoiando-se na mesa.—
Último capítulo