Helena não dormia havia três dias.
Havia aprendido a mentir para si mesma: dizia que era o café, ou o prazo da matéria, ou o estresse comum do jornalismo investigativo. Mas no fundo, sabia a verdade. O nome que não saía de sua mente. As conexões que estavam ficando claras demais. As noites em que se pegava assistindo a vídeos de entrevistas de Lucky Valley, tentando encontrar algo além do sorriso, além da pose de artista incompreendido.
E havia algo.
Algo escondido nos silêncios. Nos olhares fixos demais. Nas pausas dramáticas demais.
Como se cada palavra dita diante de câmeras fosse uma versão controlada de um monstro domesticado.
Ela se olhou no espelho, os olhos fundos, a boca seca. Disse em voz baixa, só para si:
— Você não é só Lucky... é alguém que já conheci antes.
Sentou-se no chão, entre pilhas de documentos, reportagens antigas, arquivos da delegacia. Um nome que voltou a aparecer. Lucas Valdez. Um nome comum demais para ser facilmente rastreado, mas que insistia em ressurgi