A porta do quarto de hospital parecia respirar. Helena ficou diante dela por alguns segundos, sem coragem de tocar a maçaneta. Seus dedos suavam, a garganta seca travava até o ato de engolir. Lá dentro, o homem que ela amou... e odiou. O homem que se fez presente em cada fragmento de sua história, mesmo quando deveria ter sido só um nome esquecido.
Aquele que, de forma doentia, deu sentido à própria vida dela — e quase a destruiu.
Ela girou a maçaneta devagar. O rangido da dobradiça foi mais alto que o necessário, e ainda assim, o quarto permanecia silencioso.
Lucas estava deitado, pálido, os olhos fixos no teto. As algemas em seu pulso direito presas à lateral da cama lembravam que ele não era mais um artista, nem um amante, nem um espectro: era agora um prisioneiro.
Quando ouviu a porta, não reagiu. Mas quando sentiu o perfume, virou o rosto lentamente. E a viu.
Helena.
Por um instante, o tempo parou. Não havia mais máquinas, paredes ou passado. Só ela. E o mundo inteiro desabou nos