Era madrugada quando Helena recebeu a ligação. A voz do outro lado da linha era urgente, mas não alarmada. O tipo de voz treinada para dar más notícias de forma suave, mas que, mesmo assim, cortava como navalha.
— Tivemos um incidente no hospital. Alguém tentou invadir o quarto do paciente Lucas Valdez.
Helena fechou os olhos. Não precisava de mais detalhes. Sentia o perigo se aproximando como uma onda negra que, mesmo sem vê-la, sabia que viria.
— Ele está vivo? — perguntou, com a voz engasgada.
— Sim. O paciente permanece em coma. Não chegaram a tocá-lo. Mas precisamos reforçar a segurança. Há pessoas demais interessadas no silêncio dele.
Ela desligou sem dizer mais nada.
Sentada na borda da cama, o coração batendo descompassado, Helena encarava o quarto escuro, sentindo o gosto metálico da culpa na boca.
Era como se cada escolha que ela fizera tivesse puxado o mundo para esse abismo.
Lucas estava entre a vida e a morte, mas sua presença... sua influência... ainda crescia como uma r