Helena não conseguia mais distinguir os dias das noites.
O relógio digital da cozinha marcava 3h27 da manhã. O único som era o tic-tac abafado do ventilador oscilando para os lados, como um sentinela cansado. Ela estava de pé, descalça, diante do mural improvisado na parede da sala. Fotos, fios, nomes, datas. Era como encarar um quebra-cabeça montado com sangue.
Ela havia juntado todas as peças.
Lucky Valley não era apenas Lucas Valdez.
Ele era o ponto de intersecção entre tudo que havia desmoronado em sua vida.
Nicole. Eduardo. As câmeras. As coincidências. Os olhares.
E agora... os arquivos recém-desbloqueados por Arthur mostravam muito mais.
— Ele estava presente em todos os lugares... — sussurrou, puxando uma linha vermelha que ligava um endereço antigo ao estúdio de gravação onde um engenheiro de som havia desaparecido misteriosamente.
Ela engoliu seco. O ar da sala estava rarefeito. As fotos sorriam para ela com a mesma ironia de um pesadelo lúcido.
E mesmo assim...
Mesmo assim.