Glauco saiu do banheiro devagar, ainda enxugando os cabelos com a toalha. O flanco latejava, mas a dor era suportável. Já estava acostumado com feridas. As físicas, pelo menos.
Vestiu com cuidado a calça de pijama, franzindo o cenho ao se movimentar para vesti-la. Quando ergueu os olhos, viu Amália, adormecida.
Ela estava sentada na cama, do lado que Glauco costumava dormir, amparada pelos travesseiros. O corpo levemente inclinado, dormia como quem finalmente se permitiu.
Glauco parou.
E sorriu.
Não era comum ver aquele semblante tão tranquilo. Ela parecia exausta. E ele se pegou pensando, com incômodo tardio, em quantas noites ela já não teria passado em claro, com medo, em silêncio, sem ninguém por perto.
O sorriso sumiu, substituído por um traço grave entre as sobrancelhas.
Na memória, a imagem de Amália agarrada a ele na festa do embaixador ao ouvir a voz de Laerte. O susto e as mãos trêmulas, reação fora de controle.
Havia algo e não devia ser simples.
Ele nunca a questionou d