Três meses haviam se passado.
Naquela manhã, Amália deixara Gustavo na escolinha, ele adorava ir, sempre com a mochila nas costas e o mesmo sorriso travesso do pai. No caminho de volta, ela parou em uma pequena loja e escolheu com carinho um presente para Ana e sua bebê, que se chamaria Alice.
Mais tarde, as duas tomaram chá no jardim da casa de Ana. Conversaram longamente sobre a gravidez, sobre os primeiros movimentos das pequenas e sobre os planos para o futuro. Ana já estava com cinco meses, e Amália, um pouco mais de três. Riam de suas vontades estranhas e da sensibilidade exagerada que as acompanhava o tempo todo.
Enquanto isso, na empresa, Glauco acabava de sair de uma reunião. De volta à sala, estava sentado à mesa, concentrado em uma pilha de documentos. Assinava, revisava, corrigia anotações, o olhar atento, a expressão levemente tensa.
— Onde está o seu chefe? Perguntou sem tirar os olhos dos papéis.
— Ele precisou sair e me pediu para entregar estes documentos pessoalmente